Ilha de Guam: dois milhões de serpentes ameaçam vegetação de floresta

Após a chegada das serpentes na ilha, dez das 12 espécies de aves que habitavam o local foram extintas

23:23 | Nov. 17, 2024

Por: Bárbara Mirele
Imagem meramente ilustrativa. Por conta da grande quantidade de serpentes, mais de 70% da vegetação da floresta de Guam encontra-se ameaçada de extinção (foto: Christian Resch/Freepik)

Localizada no Oceano Pacífico Ocidental, nos Estados Unidos, a Ilha de Guam está com sua floresta ameaçada por mais de dois milhões de serpentes da espécie . Isso porque segundo o diretor-executivo do Fideicomiss, Henry Pollock, “essas serpentes comem qualquer coisa que encontram”.

A cobra-arbórea-marrom, também conhecida cientificamente como Boiga irregularis, é uma serpente nativa no leste e norte da Austrália, Papua Nova Guiné, leste da Indonésia e de várias outras ilhas no Noroeste da Melanésia Em sua alimentação estão incluídos pássaros, lagartos, morcegos, ratos e outros pequenos roedores.

As cobras chegaram na ilha após a Segunda Guerra Mundial, se tornando uma espécie invasora dominante. Com isso, a população de aves foi praticamente extinta do local, alterando o ecossistema da ilha.

Serpentes ameaçam extinção da vegetação

Sem a maior parte da população de aves para distribuir as sementes, mais de 70% da vegetação está ameaçada de extinção.

Em entrevista à BBC, o diretor-executivo da Southern Plains Land Trust - uma organização sem fins lucrativos que havia estudado a ecologia de Guam anteriormente -, Henry Pollock, explica que as serpentes “comem qualquer coisa que encontram — inclusive umas às outras”.

Além de serem predadores de aves, competem com outras espécies por recursos, fazendo com que o ecossistema seja alterado de forma devastadora. “Vão comer umas às outras”, afirma.

A infestação descontrolada de serpentes transformou o local e expôs a ilha aos perigos, onde a diversidade está ameaçada.

Invasores parecem ser impossíveis de se eliminar

Pesquisadores chegaram a procurar por vírus que pudessem ser usados como armas biológicas contra a cobras-arbóreas-marrons, para eliminar grandes quantidades da espécie sem que outros animais selvagens fossem afetados.

Apesar de intensos esforços e de um orçamento anual para medidas de controle das serpentes, que gira em torno de U$3,8 milhões de dólares — o que convertido em Real (BRL) fica R$ 21.994.020,00 —, os invasores provaram ser impossíveis de eliminar em grande número.

De acordo com a BBC, muitos cientistas acreditam que seria impossível eliminar um número significativo de cobras-arbóreas-marrons de forma semelhante das florestas de Guam, muito menos eliminá-las por completo. Isso apesar de haver certa urgência, pois a própria floresta está correndo perigo.

Sem os pássaros para dispersar as sementes, muitas vezes não há nada no solo que possa germinar, de modo que a regeneração é extremamente lenta. A estrutura da floresta está mudando e, em breve, pode não haver volta.