Corvos podem perseguir pessoas para se vingar por até 17 anos, diz estudo

Repassado para outras gerações, pesquisa mostra que aves "guardam rancor" quando um bando escolhe alguém "perigoso"; entenda

11:47 | Nov. 08, 2024

Por: Izabele Vasconcelos
Algumas pessoas que se tornam alvos da ira de corvos podem ser vítimas de identidade equivocada, dizem os cientistas. (foto: Reprodução/AdobeStock)

 

Conhecidos pela inteligência, os corvos têm sido objeto de estudo por cientistas ao redor do mundo. Com a capacidade de imitar sons humanos, esses pássaros são capazes de guardar rancor e lembrar de rostos humanos por até 17 anos. Foi o que revelou um estudo recente, realizado pela Universidade de Washington, nos EUA.

Essa estimativa é baseada no experimento da pesquisa, iniciado em 2006. Conduzido pelo professor John Marzluff, o estudo percebeu que o corvo associa determinadas feições a ameaças.

Os animais de penugem escura identificam e lembram rostos, até mesmo em meio às multidões. Inteligentes, os corvos, inclusive, contam até quatro. As aves repassam esse entendimento para o resto do bando. Basta o grupo considerar alguém como “perigoso” e sua ira poderá ser até passada para outras gerações.

pesquisa diz que quando os corvos marcam uma pessoa como "perigosa", sua ira pode se propagar para o bando

Foi o que aconteceu com uma mulher em Vancouver, no Canadá. Lisa Joyce, a vítima, estava passando por uma rua, quando foi atacada por diversos corvos. Os "encontros" entre as aves e Lisa ficaram tão frequentes que ela precisou mudar seu trajeto para o trabalho, na intenção de evitá-los.

Quando foi perseguida, Joyce notou em um grupo local no Facebook que várias outras mulheres do mesmo bairro também estavam sendo atacadas. Todas elas tinham cabelos longos e loiros. “Me perguntei se havia uma conexão”, disse Joyce. “Será que eles têm algo contra uma pessoa de cabelos claros?”.

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O caso aconteceu em julho deste ano, e motivou o jornalista Thomas Fuller, do The New York Times, a viajar para cidades como Vancouver e Seattle para entrevistar as vítimas de ataques de corvos e cientistas que estudam essas aves.

Para a pesquisa, o Dr. Marzluff capturou sete corvos usando uma rede enquanto usava uma máscara. Após as aves serem soltas, segundo ele, o acontecimento "traumatizou" os pássaros.

A partir daquele momento, para testar o tempo que os animais se lembravam da situação, os assistentes da pesquisa caminhavam pelo campus, registrando suas reações, e notaram que os corvos soltavam gritos agressivos ao vê-los com a máscara.

Mais de 8mil relatos de ataques de corvos na cidade de Vancouver, no Canadá

O site rastreador de ataques de corvo Crow Trax, iniciado há oito anos pelo morador de Vancouver Jim O'Leary, já recebeu mais de 8.000 relatos de ataques de corvos na cidade.Os encontros se estendem muito além das proximidades do Canadá.

Os especialistas americanos explicam que a maioria dos ataques de corvos ocorre na primavera e no início do verão, nos EUA, quando os pais corvos estão protegendo seus filhotes e defendendo seus ninhos de possíveis invasores.

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