Licença por infelicidade no trabalho: entenda medida criada por chinês
Uma empresa na China oferece licença por infelicidade para funcionários, visando melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e aumentar a produtividade
22:23 | Set. 30, 2024
Uma empresa na China está oferecendo aos funcionários infelizes a possibilidade de tirar 10 dias de folga. Para implementar um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional na cultura de trabalho, Yu Donglai, fundador e presidente da rede de supermercados chinesa Pang Dong Lai, anunciou 10 dias extras de folga a critério dos funcionários, com o objetivo de combater a tendência de longas jornadas de trabalho e, consequentemente, o acúmulo de tristeza.
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Em março, o presidente da rede anunciou que sua empresa ofereceria aos seus sete mil funcionários 10 dias de licença por infelicidade, permitindo que decidam livremente quando querem descansar.
"Quero que cada membro da equipe tenha liberdade. Todos têm momentos em que não estão felizes, então, se você não está feliz, não venha trabalhar", disse Yu.
Como funciona a licença por infelicidade no trabalho?
A licença por infelicidade criada por Yu Donglai não interfere no direito às férias anuais a que cada trabalhador tem direito. Ela também oferece aos funcionários fins de semana de folga, 30 a 40 dias de licença remunerada anualmente e cinco dias de folga no Ano Novo Lunar, de acordo com o Business Standard.
Donglai defendeu os funcionários, afirmando que, se não estivessem felizes, não precisariam trabalhar, podendo tirar uma "licença por infelicidade", segundo reportagem do South China Morning Post.
De acordo com o chefe da Pang Dong Lai, os funcionários devem determinar suas próprias formas de descanso e a empresa deve incentivar essa prática, pois isso não apenas aumentará o moral dos funcionários, mas também elevará a produtividade e ajudará a alcançar um equilíbrio significativo entre vida pessoal e profissional.
Licença por infelicidade no trabalho: "Chefe mais idiota do mundo"
Sua atitude de valorizar os funcionários, dar-lhes altos salários e criar esquemas de bônus lhe rendeu o apelido de "chefe mais idiota da China". O período padrão de folga remunerada na China varia de 5 a 15 dias por ano.
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A rede Pang Dong Lai também criou um “Prêmio de Reclamação” de cinco mil a oito mil yuans (cerca de 3,8 mil a 6,2 mil reais na cotação atual) para compensar funcionários que recebam reclamações ou tratamentos irracionais dos clientes.
A rede de supermercados Pang Dong Lai possui 13 lojas em Xuchang e Xinxiang, cidades da província de Henan, na região central da China, e é conhecida como o “paraíso dos clientes” devido ao seu serviço preciso.
Depressão na China surgindo precocemente
O aumento da depressão entre os jovens na China vem ocorrendo há décadas, devido em grande parte ao rígido sistema educacional, às políticas de fertilidade do passado e às restrições rígidas de migração.
Os jovens chineses estão esgotados por passarem a infância e a adolescência em estudos intensos e incessantes. Frequentar uma boa universidade é visto como necessário para garantir um bom emprego e, para crianças rurais, um diploma universitário é o único caminho para obter uma residência legal.
Como se a pressão para entrar em uma universidade já não fosse suficientemente grande, a estrutura rígida do sistema escolar agrava ainda mais a situação.
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Após nove anos de escolaridade obrigatória, as crianças devem passar em um exame para ingressar em uma escola secundária acadêmica, e apenas 50% conseguem ser aprovadas. Os adolescentes que não passam no teste frequentam uma escola secundária profissional e estão destinados a empregos mal remunerados.
Em 2018, 35% dos adultos chineses relataram estar deprimidos em média. A taxa foi 50% maior em áreas rurais e entre mulheres. Por razões óbvias, a depressão generalizada é perigosa para qualquer sociedade, prenunciando estagnação econômica futura.