Polvos são flagrados caçando com peixes e dando "socos" em animais oportunistas

Os registros de caça em grupo entre polvos e peixes levantaram hipóteses sobre o senso de estratégias desses animais; entenda

Apesar de polvos serem predadores que agem normalmente sozinhos, registros recentes feitos por mergulhadores no Mar Vermelho revelam que esses animais podem caçar as suas presas em cooperação com algumas espécies de peixes. E se um outro animal quiser roubar as presas ou tentar atrapalhar a caçada? Bem, leva uma "chuva de socos" dos polvos.

As filmagens foram publicadas na revista britânica Nature Ecology & Evolution na última segunda-feira, 23, junto a uma pesquisa, que tem essa relação interespecífica como ponto central de investigação.

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Nessa interação entre as espécies, as imagens sugerem que cada animal chega a desempenhar um determinado papel para tornar as caças mais eficientes e bem sucedidas. Nesse caso, o molusco é considerado o "cérebro" da equipe. Confira:

Polvos afastam aproveitadores com "socos"

Os polvos, nos vídeos, aparentam se adaptar e responder a situações diversas. Em alguns agrupamentos, determinadas espécies de peixes se aproveitavam do esforço grupal de caça para conseguir alimento sem ajudar, e os polvos fazem questão de deixar clara sua insatisfação com isso.

Em uma aparente tentativa de afastá-los, os polvos utilizam os próprios tentáculos para "socar" esses peixes oportunistas como forma de puni-los e fazê-los se distanciar do grupo.

Eduardo Sampaio revela que a equipe autora do estudo tem interesse em investigar a possível capacidade desses moluscos de reconhecer quando um peixe se aproveita do esforço do grupo de caça.

Os polvos criam estratégias de caça em grupo?

Pesquisador do Instituto Max Planck de Comportamento Animal em Konstanz, na Alemanha, e coautor do estudo, o português Eduardo Sampaio explica em entrevista à Nature que o polvo funciona como um tomador de decisões durante a ação desses grupos de animais.

Há um sinal de que alguma cognição está ocorrendo aqui, com certeza”, afirma ele.

Com um total de 120 horas de gravações com câmeras sincronizadas, os mergulhadores capturaram 13 momentos de caça coletiva entre as espécies.

Nos vídeos, um grande Octopus cyanea, chamado de polvo-azul, faz sua caça junto a diferentes espécies de peixes na tentativa de trabalhar em conjunto para captura animais menores e assim saciar a fome do grupo como um todo.

O polvo é o "cérebro da equipe" e direciona o grupo de caça

Uma dinâmica coletiva complexa parece se desenvolver no grupo ao longo das filmagens feitas pelos pesquisadores. Diferentes papéis são exercidos por cada animal participante da caça.

Um exemplo é o peixe-cabra (Pseudupeneus maculatus), que tinha a tendência de estimular peixes de outras espécies a explorar novos ambientes, avançando assim no território.

Enquanto isso, polvos se mostraram capazes de "convencer" o grupo do qual participavam a parar de se deslocar e permanecer em um determinado local, além de montar estratégias de caça no momento de capturar as presas. 

Registros de comportamentos como esse, entre polvos e peixes, já haviam sido feitos anteriormente. No entanto, essa relação interespecífica, só agora com a pesquisa em questão, passou a ser mapeada e analisada de modo mais claro.

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