Pão de forma dá resultado positivo no bafômetro? Detran se envolve em polêmica

O Detran-GO divulgou vídeos sobre o alto teor alcoólico em marcas de pão, causando polêmica e dúvidas entre consumidores e especialistas sobre os testes de bafômetro

15:37 | Jul. 19, 2024

Por: Caynã Marques
10 marcas de pão de forma foram apontadas com alto teor de álcool em sua composição (foto: Reprodução/ Freepik)

Recentemente, surgiu o debate em torno de dez marcas de pão de forma que apresentaram um alto teor alcoólico em sua composição. Pensando nisso, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Goiás produziu uma série de vídeos para sanar as dúvidas dos consumidores quanto ao consumo e ao provável teste do bafômetro.

Ao todo, foram publicados dois vídeos, gerando grande dúvida em torno do assunto. Na primeira produção, foi mostrado que, logo após o consumo do pão de forma da marca Visconti, existiria grande possibilidade de ser reprovado no bafômetro.

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Isso gerou revolta entre especialistas e aumentou a dúvida dos consumidores. Isso porque o teste do bafômetro foi feito imediatamente após o consumo dos pães, algo que seria quase improvável quando se está dirigindo um automóvel no trânsito.

Pão de forma "alcoólico": onde surgiu essa afirmação

Toda essa dúvida em relação à composição do pão e à presença de álcool surgiu no dia 11 de julho, quando a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) compartilhou um estudo sobre o teor alcoólico presente nas principais marcas de pão de forma no mercado brasileiro.

Das dez marcas analisadas, seis estavam com um teor acima do que é previsto para se considerar uma bebida alcoólica, que é de 0,5%. Confira quais foram as marcas:

  • Visconti: 3,37% de teor alcoólico;
  • Bauducco: 1,17% de teor alcoólico;
  • Wickbold 5 zeros: 0,89% de teor alcoólico;
  • Wickbold sem glúten: 0,66% de teor alcoólico;
  • Wickbold leve: 0,52% de teor alcoólico;
  • Panco: 0,51% de teor alcoólico.

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Em contrapartida, as marcas que foram aprovadas no estudo e têm a média normal de álcool em sua composição foram:

  • Seven Boys: 0,5% de teor alcoólico;
  • Wickbold: 0,35% de teor alcoólico;
  • Plusvita: 0,16% de teor alcoólico;
  • Pullman: 0,05% de teor alcoólico.

Pão de forma "alcoólico": Detran e polêmica

A partir da viralização do assunto, o Detran-GO produziu uma série de vídeos explicando sobre o tema. Isso gerou polêmica em relação à explicação, visto que, ao comprovar que ingerir os pães traria uma reprovação no teste do bafômetro, não foi estipulado um tempo recomendado para ingerir o alimento.

Nos comentários do post que está presente na rede social do órgão, alguns especialistas comentaram sobre a falha na dinâmica. A pesquisadora e farmacêutica bioquímica Laura Marise, do perfil de divulgação científica @nuncavi1cientista, comentou:

"Mas se mediram logo depois de ela comer, era meio óbvio que ia dar positivo, porque ainda tem álcool na boca dela. Mas ninguém sai mastigando pão assim na rua", afirmou. Para ela, o cenário ideal de teste com caráter científico deveria esperar ao menos uma horsa após o consumo dos pães.

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Logo após, a especialista produziu um vídeo sobre o assunto: "Vários alimentos podem deixar um resíduo de álcool na boca por alguns minutos... Qualquer comida que seja feita com bebida alcoólica vai 'dar positivo' caso sopre o bafômetro logo depois de ingerir".

Ela explicou que o ideal seria mostrar o mesmo teste 10-15 minutos após comer o alimento.

Pão de forma 'alcoólico': retratação e novo vídeo

Após as críticas, na última quarta-feira, 17, o Detran-GO postou um novo vídeo. Neste, a figurante esperou três minutos após consumir o alimento para realizar o teste, que deu negativo. Ainda no vídeo, a médica nutróloga Thais Aquino explica que o álcool é uma substância comum em alimentos e medicamentos.

Segundo a explicação da nutróloga, a quantidade de álcool é insignificante; por isso, não aparece mais no bafômetro depois de três minutos.

Usuários continuaram com a crítica em relação aos dois vídeos, visto que a primeira produção ainda está presente na rede social do Detran, o que pode gerar desinformação.