Brasileiro ajuda a identificar texto apócrifo sobre infância de Jesus
O manuscrito, registrado em grego, foi encontrado na Universidade de Hamburgo e pode ser um dos registros mais antigos sobre a infância de Jesus Cristo
21:32 | Jun. 14, 2024
Um manuscrito datado do século IV ou V foi identificado por dois pesquisadores, entre eles um brasileiro, como um dos registros mais antigos sobre a infância de Jesus Cristo. O fragmento está armazenado na biblioteca da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.
O papiro, registrado sob o número de inventário P.Hamb.Graec. 1011, pode ser considerado um texto apócrifo, ou seja, que não faz parte do cânon (textos oficiais) contido na Bíblia Sagrada. Em seu conteúdo, narrativas adicionais forneciam relatos sobre a vida de Jesus.
Medindo pouco mais de 11 por 5 centímetros, o texto contém descrições em grego antigo e sua caligrafia pode indicar que o documento era uma espécie de exercício de escrita, não um manuscrito feito por um copista.
“Nossas descobertas sobre esta cópia grega antiga da obra confirmam a avaliação atual de que o Evangelho da Infância segundo Tomé foi originalmente escrito em grego”, diz o brasileiro Gabriel Nocchi Macedo, da Universidade de Liège, para a Humboldt-Universität zu Berlin.
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Texto apócrifo sobre infância de Jesus: conteúdo do manuscrito
As palavras seguem um relato contido no Evangelho de Tomé e descrevem um milagre de Jesus Cristo durante a sua infância, por volta dos 5 anos. Acredita-se que o garoto moldou argila no formato de pássaros e os trouxe à vida.
O fragmento traduzido contém um total de 13 linhas em letras gregas, cerca de 10 letras por linha, e é originário do antigo Egito tardio.
“Foi pensado que seria parte de um documento cotidiano, como uma carta particular ou uma lista de compras, porque a caligrafia parece muito desajeitada”, diz o co-autor Lajos Berkes, do Instituto de Cristianismo e Antiguidade da Humboldt-Universität zu Berlin.
“Notamos pela primeira vez a palavra Jesus no texto. Depois, comparando-o com vários outros papiros digitalizados, deciframos letra por letra e rapidamente percebemos que não poderia ser um documento cotidiano”, completa.