Conheça a cobra que se suja com fezes e sangra pela boca para enganar predadores

Quando se sente ameaçada, a serpente pode se cobrir com as próprias fezes e sangrar pela boca para se fingir de morta e assim afastar os predadores; entenda

Diversas espécies de animais na natureza, inclusive serpentes, têm um comportamento instintivo em comum: fingirem estar mortos ao se sentirem ameaçadas por possíveis predadores. Essa ação é chamada de tanatose ou  imobilidade tônica A tanatose, também conhecida como letissimulação, é a habilidade dos animais de fingirem estar mortos. Essa técnica pode ser empregada tanto pelas presas para desencorajar predadores quanto, ao contrário, pelos predadores para atrair presas a se aproximarem. .

Alguns animais, no entanto, parecem elevar bastante o nível da encenação trágica. É o caso da cobra-dado, de nome científico Natrix tessellata, que se suja com as próprias fezes e sangra pela boca para forjar a própria morte na tentativa de enganar os predadores.

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Os efeitos dramáticos são acompanhados de outros recursos já comumente observados em cenas similares como o ato de ficar completamente imóvel e abrir a boca enquanto fica de cabeça para baixo.

O estudo do comportamento da cobra-dado

O estudo de pesquisadores da Universidade de Belgrado, na Sérvia, que constatou o comportamento da serpente também revela que os animais que performam a própria morte com esses recursos reduzem o tempo de exposição ao perigo.

Apesar do evidente risco que expor partes vulneráveis do próprio corpo traz, Vukasin Bjelica e Ana Golubovic, os biólogos autores do estudo, levantaram a hipótese de que uma dramatização mais exagerada, como a da cobra-dado, poderia tornar mais efetivo o fingimento.

A fim de dar início ao experimento de comprovação da hipótese, os pesquisadores foram a Golem Grad, uma ilha do Lago Prespa, na Macedônia do Norte. Lá, é comum a ocorrência de indivíduos da espécie Natrix tessellata.

No local, eles capturaram 263 cobras-dado não venenosas, beliscaram-nas com os dedos e sumiram do campo de visão dos répteis, simulando ações de um predador que hesita em finalizar o ataque.

Os resultados da pesquisa com as cobras-dado

Ana e Vukasin observaram que 124 das serpentes analisadas, quase 50% do total, apresentaram o comportamento de se sujar com as próprias fezes, enquanto 28, pouco mais de 10%, sangraram pela boca.

As cobras do grupo que não se utilizou desses recursos "dramáticos" para forjar a própria morte, tenderam a demorar mais tempo fingindo, chegando a quase 40 segundos de espera.

Em contrapartida, quase todas as serpentes que usaram ao menos um desses recursos ficaram menos de 20 segundos em estado de paralisia, o que confirmou a hipótese inicialmente apresentada pelos pesquisadores.

Por que a cobra-dado se suja de fezes e sangra pela boca?

De acordo com os cientistas, sujar-se com as próprias fezes pode fazer com que seja gerada repulsa no predador, ao passo que o sangramento bucal induzido serve como um sinal de que a presa está morta.

Crê-se que a indução do sangramento possa ser causada pelo aumento da pressão sanguínea do réptil, sendo esse o resultado de níveis hormonais elevados e de estresse acentuado diante da situação de perigo.

Quais as características da cobra-dado?

A cobra-dado é uma espécie não venenosa que habita essencialmente regiões da Europa e da Ásia. Por viver principalmente nas proximidades de rios, córregos, lagos e lagoas, a principal fonte de alimentação do animal são peixes.

A espécie, contudo, também pode se alimentar de anfíbios, como girinos, sapos e rãs. As características físicas da cobra-dado podem ser descritas a partir do tom do ventre que, às vezes é colorido de amarelo ou laranja.

No entanto, o principal aspecto da serpente são as manchas pretas distribuídas ao longo do corpo do animal. Essas manchas se assemelham a dados, como os de jogos de tabuleiros, daí a origem de seu nome. 

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