Entenda o motivo do ano não acabar à meia-noite de 31 de dezembro

A virada de um ano para o outro é o fim de um ciclo que marca o tempo de várias culturas há milênios: uma volta completa da Terra em torno de sua estrela

17:24 | Dez. 31, 2023

Por: Cristina Brito
Foto de apoio ilustrativo. Neste ano, festa não vai ter fogos. Drones irão fazer o jogo de luzes para marcar a virada do ano (foto: Fábio Lima)

A virada do ano é sempre cheia de entusiasmo e esperança de que o ano que vai entrar seja melhor. Geralmente, as pessoas costumam fazer um balanço do ano que passou gerar expectativas para o ano vindouro.

Em nosso calendário, o fim do ano é “marcado” no dia 31 de dezembro e contamos à meia-noite. Mas você sabia que o ano não acaba à meia-noite do dia 31?

O dia 31 de dezembro é o último dia do calendário gregoriano, o convencional de 365 dias (mais um nos anos bissextos, como foi 2020 e será 2024). Atualmente, este é o calendário que rege o Ocidente desde que o calendário juliano deixou de ser usado, em 1582.

"O que tradicionalmente entendemos por ano, tanto em astronomia quanto em muitas culturas, é o tempo que nosso planeta leva para girar em torno do Sol", explica o astrônomo e acadêmico Eduard Larrañaga, do Observatório Astronômico Nacional da Universidade Nacional da Colômbia, à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC).

A virada de um ano para o outro é o fim de um ciclo que marca o tempo de várias culturas há milênios: uma volta completa da Terra em torno de sua estrela. De acordo Larrañaga, contar quando esse ciclo começa e termina pode ocorrer, na prática, a qualquer momento.

O físico teórico também relata que a data em que um ano começa e termina não é baseada na Ciência. Segundo ele, o começo e o fim do ano é, na verdade, uma convenção, um sistema, em última análise, "inventado".

"Partir do pressuposto de que o ano termina à meia-noite do dia 31 de dezembro e começa no dia 1º de janeiro é uma construção social, uma definição que foi feita em um momento da história", afirma.

O astrônomo explica que “do ponto de vista astronômico, nada de especial acontece no dia 31 de dezembro para dizer que é aqui que termina o ano, tampouco nada de especial acontece no dia 1º de janeiro para dizer que é quando começa".

"Na realidade, em toda a órbita da Terra não há nada de especial ou fora do comum que aconteça para marcar a mudança de um ano."

A duração do ano

Larrañaga explica que, do ponto de vista da astronomia, não existe uma unidade de medida única, mas pelo menos quatro para contar o tempo que a Terra leva para dar uma volta em torno do Sol:

  • Ano ou calendário juliano: "É uma convenção e é usada na astronomia como uma unidade de medida em que se considera que a Terra dá a volta no Sol em 365,25 dias."
  • Ano sideral: "É o tempo que a Terra leva para dar uma volta no Sol em relação a um sistema de referência fixo. Neste caso, um grupo de estrelas é usado como referência, e esse ano tem uma duração de 365,25636 dias."
  • Ano trópico: "Leva em consideração a longitude eclíptica do Sol, ou seja, o ângulo do Sol no céu em relação à Terra ao longo do ano, principalmente nos equinócios. E dura um pouco menos que o ano sideral, 365,242189 dias."
  • Ano anomalístico: "A Terra, assim como os outros planetas, se move em elipse. Essa elipse faz com que, em algumas ocasiões, o Sol esteja mais perto e mais distante da Terra. Mas há um ponto em que ambos estão o mais perto possível, chamado periélio. E o ano anomalístico é o tempo decorrido entre duas passagens consecutivas da Terra por seu periélio. Dura 365,2596 dias."

Embora Larrañaga indique que todos são da ordem de 365 dias, presumir que este é o período exato da duração de um ano se torna uma simplificação.