Não-monogamia x relacionamento aberto: existe diferença?

Saiba como os dois termos são definidos e conheça as formas de relacionamento afetivo entre os indivíduos da Geração Z

O conceito de relacionamento deixou de ser apenas uma palavra a dois. Agora, diante de novas experiências, destaca-se a chegada de conceitos que são popularizados na era digital, como não-monogamia e o relacionamento aberto.

Mas o que os termos realmente significam? De acordo com relatório global do aplicativo de relacionamento Ashley Madison, a Geração Z (18 a 29 anos) atribui à não-monogamia “muitos benefícios”, incluindo relações sexuais e/ou românticas mais plenas, experiências de vida e mais aceitação para diferentes formas de amor.

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Não-monogamia: um conceito guarda-chuva

Se a monogamia é definida pelo dicionário Michaelis como um sistema ou costume que “impõe ao homem ter uma única esposa, e à mulher ter um único marido”, a não-monogamia se apresenta como uma oposição ao conceito tradicional.

Em termos de disposição para uma relação não-monogâmica, são os brasileiros e os mexicanos (18 a 29 anos) que se encontram nas primeiras posições — 62% e 59%, respectivamente, em pesquisa da YouGov.

“Nós somos seres que estamos imersos na cultura, nas regras da sociedade. E sabemos que a sociedade se ergue em regras monogâmicas”, destaca a psicóloga de casais, Priscilla Costa. “Isso acaba trazendo uma percepção muito negativa sobre os relacionamentos que envolvem mais de uma pessoa”.

Os relacionamentos não-monogâmicos, descreve a profissional, podem ser interpretados como “inferiores” ou se tornarem motivo de piada nos círculos sociais. “Estamos falando de uma perspectiva em que a monogamia e a exclusividade afetiva e sexual são os pilares da nossa estrutura”, justifica.

É nesse contexto que a não-monogamia consensual ou ética se insere como um termo guarda-chuva, englobando diferentes formas de relacionamento para além da monogamia.

Relacionamento aberto: consenso é a palavra-chave

“É importante compreender o que é que faz com que essas pessoas estejam em um relacionamento não-mono. Por exemplo, tem pessoas que acabam se inserindo em relações com esse formato apenas para agradar o parceiro, para se adequar”, explica Costa.

Em um relacionamento aberto, parte do “guarda-chuva” não-monogâmico, o casal concorda em manter outras relações (amorosas ou sexuais), muitas vezes casuais, além de seu parceiro principal.

O conceito nem sempre é similar ao poliamor, prática de um relacionamento sério e simultâneo entre mais de duas pessoas (ele pode ser aberto ou fechado). A palavra vem do grego “poli” para “muitos” e do latim “amor”.

Para a psicóloga, um dos principais motivadores da união não-monogâmica começa a partir da atração sentida por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Em pesquisa do aplicativo de relacionamento Tinder, a Geração Z não esconde sua preferência pela monogamia (52%), mas se mostra aberta ou em busca de uma relação “não-mono” (41%).

“Em segundo lugar, eu diria que é quando a pessoa reconhece, independente de estar em um relacionamento ou não, a necessidade de liberdade. Ela tem aquilo como valor pessoal muito forte”, diz Priscilla. “E isso se expande também na área dos relacionamentos”.

Não-monogamia é para mim? Como dar o próximo passo

Mas como escolher a não-monogamia? Existe um guia ideal? Para Priscilla Costa, a decisão deve partir “do desejo das pessoas, seja individualmente, seja do casal, de vivenciar a relação não-monogâmica, o relacionamento aberto, o poliamor… Enfim, qualquer um dos formatos”.

“A terapia pode vir como um suporte para fortalecer essa autoestima, para proporcionar esse autoconhecimento. As técnicas e intervenções vão variar muito de abordagem para abordagem, de acordo com cada psicólogo”, completa.

"O ciúme continua existindo, apenas a maneira de olhar pra ele, lidar com ele (na terapia), é diferente"

Priscilla Costa

Um dos mitos elencados por Priscilla sobre os relacionamentos não-monogâmicos é a ausência de ciúmes entre os envolvidos, uma percepção que deve ser enfrentada. “O ciúme continua existindo, apenas a maneira de olhar pra ele, lidar com ele (na terapia), é diferente”, indica.

“Lembrando também que as pessoas têm a liberdade para, em algum momento, viver uma relação não-monogâmica, depois elas podem realmente decidir que aquilo não é para elas”, diz Costa. “Um casal pode abrir um relacionamento, depois voltar atrás”, exemplifica.

“Eu gosto de pensar, não no sentido de voltar atrás em uma decisão, mas apenas que a nossa vida é cheia de bifurcações. Então, em um determinado momento nós optamos por escolher um caminho e em outro momento podemos optar por escolher outro”, considera a psicóloga.

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