Entenda a origem da ceia de Natal e como a celebração mudou ao longo do tempo

A tradição, que faz parte das celebrações de fim de ano de muitas famílias, resistiu a séculos de grandes mudanças no Natal

O Natal é uma época de grande diversidade de tradições. Montagem e decoração de árvores, troca de presentes e a "visita do Papai Noel" são algumas das mais tradicionais formas de se comemorar o período natalino, especialmente entre culturas fortemente influenciadas pelo cristianismo. 

É nesse momento em que amigos e familiares se reúnem para celebrar juntos a ocasião. Na celebração, a ceia de Natal tem destaque, sendo é uma das tradições natalinas mais antigas e uma das mais comuns nas comemorações de fim de ano ao redor do mundo.

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Contudo, o costume de realizar a ceia nessa época do ano é mais antigo que o próprio Natal. Desde bem antes do nascimento de Jesus, já eram feitas celebrações nesse período, no qual ocorre o solstício de inverno no Hemisfério Norte. Assim, O POVO preparou uma lista das principais perguntas sobre a data, confira:

Quando aconteceu e como foi primeira celebração do Natal?

Há registros de que a primeira celebração do dia do nascimento de Jesus Cristo, o Natal, tenha ocorrido no dia 25 de dezembro de 336 em Roma. Os cristãos da época puderam realizar os festejos livremente, pois a religião cristã tinha sido liberada no Império Romano.

Essa comemoração contou com uma confraternização entre os fiéis, um banquete semelhante à ceia que se conhece hoje e vários outros elementos. Essas tradições já vinham sendo praticadas em outras festas não cristãs que ocorriam naquele período do ano.

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O Natal cristão incorporou diversos costumes de festivais pagãos próprios do período de fim de ano na Antiguidade. Por isso é preciso compreender as celebrações de inverno anteriores ao Natal institucionalizado pela Igreja Católica.

Como os povos antigos celebravam o Natal?

Os povos pagãos tinham o costume de comemorar o “renascimento do sol” nessa época, pois, depois do solstício de inverno, o sol começa a passar mais tempo iluminando o Hemisfério Norte da Terra. Esse momento tinha grande importância para eles, pois a agricultura era beneficiada por esse fenômeno.

Os povos de Roma, por sua vez, celebravam a Saturnália em dezembro, uma festa dedicada a Saturno, o deus romano da agricultura. As pessoas costumavam comemorar esse novo ciclo com festas, confraternizações, banquetes e troca de presentes.

Diversas tradições dessas celebrações foram incorporadas ao Natal cristão ou foram adaptadas aos ideais da religião. A ceia é um exemplo disso, mantendo-se como símbolo natalino até os dias de hoje.

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Antes da institucionalização do cristianismo como religião oficial do Império Romano, fato que ocorreu no século IV, o deus persa Mitra tinha ganhado destaque em Roma, recebendo uma celebração própria que se uniria à Saturnália: o Festival do Sol Invencível.

O nascimento de Mitra era comemorado pelos romanos com um culto no dia 25 de dezembro. A celebração ao deus, também chamado de Sol Invencível, mantinha o costume de comemorar a permanência maior e gradativa do sol no céu do Hemisfério Norte a partir daquele momento.

Como o Natal se tornou uma celebração cristã?

No Império Romano, a prática do cristianismo passou a ser tolerada no início do século IV por causa do Edito de Milão, instituído no ano 313. O imperador Constantino foi responsável por essa decisão, pois se converteu à religião.

Anos mais tarde, o papa Júlio I formalizou o dia 25 de dezembro como a data oficial do Natal pela Igreja Católica para comemorar o nascimento de Jesus. A escolha dessa data foi estratégica, já que festivais pagãos aconteciam na mesma época e a Igreja esperava transferir essas celebrações para o âmbito cristão.

Desse modo, a principal associação feita entre o Natal e as comemorações pagãs foi a de Jesus Cristo com o Sol Invencível, já que ambos eram considerados luz por suas próprias religiões e, nesse momento, era festejado o nascimento da luz. Isso facilitava a recepção de novos fiéis para o cristianismo.

Já no ano 380, o imperador Romano Teodósio tornou o cristianismo a religião oficial do Império com o Edito de Tessalônica, que também proibiu a prática de outras religiões.

O professor do Programa de Pós-Graduação em História, Culturas e Especialidades (PPGHCE) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) Gleudson Passos explica como a decisão do imperador influenciou nas datas comemorativas.

“Com a conversão do Império Romano ao cristinismo pelo imperador Teodósio I, no século IV, as datas que eram pagãs foram convertidas em celebrações cristãs”, diz o professor. Com isso, o Natal também foi submetido a essas mudanças.

Desde então, o feriado tem sido comemorado todos os anos principalmente pelos povos ocidentais, mas as formas de celebração do período natalino variaram no decorrer dos anos.

Como as celebrações do Natal mudaram ao longo do tempo?

Muitos elementos característicos das comemorações de fim de ano se mantiveram ao longo dos séculos, mas outros inevitavelmente desapareceram ou sofreram mudanças.

Banquetes, troca de presentes e momentos de convivência família e amigos são algumas das tradições mantidas até hoje nas celebrações de Natal. Já aos cultos a Mitra e a Saturno não foi dada continuidade.

De acordo com o professor Gleudson Passos, o caráter religioso do Natal era bastante forte no passado, o que já não acontece na atualidade. “Nos dias mais recentes, o Natal tem se tornado uma festa menos cristã e cada vez mais ligada ao consumo, ao mercado, à roupa nova, ao tênis novo, aos presentes”, afirma Gleudson.

Ele diz que “ao longo do tempo, principalmente com a chegada da era industrial, outros elementos foram incorporados ao Natal”. O professor destaca ainda que tradições natalinas contemporâneas, como a decoração da árvore de Natal e a visita do Papai Noel, reforçam esse caráter consumista do feriado.

Ainda assim, o feriado mantém a essência de comunhão, principalmente com a prática da ceia de Natal, uma tradição que resistiu a séculos de grandes mudanças na celebração.

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