Voo 375: o que é fato no filme que estreia hoje, 7
Longa tem como enredo o sequestro do voo 375 com mais de 100 passageiros a bordo. Fato ocorreu na década de 1980, no Brasil. Veja o que é verdade e mentira no filme
14:03 | Dez. 07, 2023
O filme ‘Sequestro do Voo 375’ conta a história de um episódio quase esquecido que ocorreu no Brasil na década de 1980: o dia em que um desempregado tentou jogar um Boeing com mais de um centena de passageiros contra o Palácio do Planalto.
Agora, são contados detalhes do episódio em um filme que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (7/12), e tem como uma das produtoras a Star Original Productions, da Disney. O longa-metragem foi realizado com base nas pesquisas do jornalista Constâncio Viana Coutinho.
A obra apresenta cronologicamente o dia em que o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos, resolveu sequestrar um avião Boeing 737 que tinha como destino o Rio de Janeiro e jogá-lo no Palácio do Planalto, em Brasília.
O voo em questão era o Vasp 375, que partiu de Porto Velho, em Rondônia, com destino ao Rio de Janeiro após quatro escalas: Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte.
Raimundo queria atingir o então presidente da República, José Sarney, a quem culpava pela crise econômica terrível em que o País se encontrava pós-ditadura militar.
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Filme ‘Voo 375’: Veja o que é fato no longa
O caso retratado aconteceu no dia 29 de setembro de 1988. Há 35 anos, Raimundo Nonato — personagem do ator Jorge Paz — havia sido demitido do seu emprego de tratorista e estava sem perspectiva de futuro em um Brasil marcado pela hiperinflação.
Então, ele sequestrou um avião da Vasp, a extinta companhia aérea estatal paulista, com destino ao Rio de Janeiro.
De acordo com registros da época, o voo 375 da Vasp levava 135 passageiros e 8 tripulantes.
Voo 375: o sequestro do avião
Munido de um revólver calibre 32, ele passou pela segurança do Aeroporto de Confins, em Minas Gerais, e embarcou no voo. Na época, ainda não havia detectores de metais e raio-x como procedimentos de segurança obrigatórios em voos nacionais.
Pouco depois da decolagem, quando a tripulação começou a servir os lanches para os passageiros, Nonato sacou a arma e atirou contra a porta da cabine para tentar cumprir seu objetivo: mudar a rota para Brasília, para se vingar das promessas não cumpridas pelo então presidente.
Voo 375: atuação corajosa do piloto
A missão felizmente não teve um final trágico pela atuação corajosa do piloto Fernando Murilo Lima e Silva — personagem do ator Danilo Grangheia —, que fez manobras arriscadas com a aeronave até pousar com segurança em Goiânia.
Fernando morreu, aos 76 anos, após complicações cardíacas e diabetes. Segundo a família, Fernando Murilo atuou como piloto até os 60 anos.
Voo 375: a situação econômica do Brasil
Em 1988, o Brasil atravessava uma grave crise econômica. Recém-saído de mais de duas décadas de ditadura cívico-militar. O País estava há um ano antes das primeiras eleições diretas para presidente da República desde 1961 e era governado por um vice que assumiu após a morte de Tancredo Neves.
O longa, no entanto, não se aproxima do contexto político da época, que tanto influenciou a atitude do sequestrador. “Queríamos contar esse evento sem nos aprofundar muito no que aconteceu fora dali”, explica o diretor Marcus Baldini à Veja.
Filme ‘Voo 375’: Sequestrador foi internado e morreu no hospital
Segundo relatos de testemunhas e do próprio piloto, Fernando executou um giro de 360 graus (manobra conhecida como "tonneau" barril) e depois mergulhou o avião 9 mil metros em direção ao solo. Tudo isso para ganhar tempo e deixar o sequestrador atordoado.
Quando pousaram, o sequestro prosseguiu até que snipers do Exército balearam e prenderam Nonato. Ele morreu dias depois, no hospital. Informações oficiais indicam que Nonato morreu em decorrência de anemia falciforme, uma doença genética hereditária.
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Voo 375: copiloto foi vítima do sequestrador
O copiloto Salvador Evangelista, foi morto durante o sequestro do voo 375 da Vasp. Evangelista levou um tiro na nuca quando o sequestrador, o maranhense Raimundo Nonato, invadiu a cabine do Boeing.
Após o ataque do sequestrador, o comandante do voo, Fernando Murilo de Lima e Silva, conseguiu colocar no transponder o código de alerta internacional para sequestros. A torre de controle chamou a cabine para confirmar e foi aí que Nonato atirou em Evangelista, que pegava o rádio para dar o retorno.
Em 24 de junho de 2011, passados 23 anos da tragédia, a Justiça condenou a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) a pagar a compensação por dano moral pela morte em R$ 250 mil.
O que é fato no filme Voo 375: Semelhança com o 11 de setembro
O filme busca fazer uma relação entre o sequestro do voo 375 e o atentado às Torres Gêmeas, no dia 11 de setembro de 2001.
Os produtores sustentam que informações do sequestro foram encontradas num esconderijo de Osama bin Laden, terrorista responsável pelos atentados do 11 de setembro. No entanto, a história teria vindo de uma fonte que não tem provas documentais e preferiu não se identificar.
É claro que há semelhanças entre o plano falho de Nonato e o horror no World Trade Center. Mas, antes disso, o mundo já tinha exemplos de sequestros de avião.