Vida de Papai Noel: o bom velhinho que vem da outra ponta do Brasil
Todo ano, Duda Meirelles viaja os cerca de 3 mil quilômetros de Curitiba para Fortaleza para ser Papai Noel na Capital. Conheça a história na segunda reportagem do especial do O POVO“Quando a gente coloca essa roupa, se transforma um pouco. Não é mais o Duda, é o Papai Noel”, afirma Duda Meirelles, 63, que vem de Curitiba para Fortaleza com o objetivo ser o bom velhinho durante o período de Natal.
Quando o calendário marca o início de novembro, ele deixa seu emprego em uma loja de peças automobilísticas para se transformar no Papai Noel em um shopping no bairro Papicu, em Fortaleza.
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Já são oito anos fazendo essa jornada — três deles no shopping Riomar. Meirelles diz que sair da rotina e conhecer pessoas novas são as coisas que o motivam a realizar o trabalho.
"Todo ano para mim é diferente, né? Primeiro motivo, saio da rotina. Depois, gosto de criança. Acho bacana isso que estou fazendo todo ano. E eu ainda conheço pessoas diferentes
"
Duda Meirelles, 63, Papai Noel
Ele explica que ficou interessado na proposta para vir trabalhar em Fortaleza pelo interesse que houve em contratá-lo, pela viagem realizada anualmente e pelas amizades que fez.
No tempo livre, Meirelles é ativo e envolvido em vários hobbies: participa de um grupo de motoqueiros — a Sociedade Secreta, gosta de fazer musculação e aproveita para pular de parapente.
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Vida de Papai Noel: Um empurrãozinho do destino
Foi em uma viagem com o grupo de motoqueiros que Meirelles conseguiu o trabalho como Papai Noel.
“Estava passeando de moto e fui até uma cidade chamada Fazenda Rio Grande, no Paraná. Desci da moto e comecei a cumprimentar e dar risada pra todo mundo, coisa que nunca fiz. Eu era meio fechado”, lembra. “Aí veio um senhorzinho de 86 anos, com uma bengalinha e falou assim: ‘você não quer trabalhar de Papai Noel em Fortaleza?’.”
Meireles levou a proposta na brincadeira, mas alguns meses depois recebeu o convite para vir à Capital. “Por isso que acredito no destino. Era o caminho que fiz aquele dia, ele estava lá”, completa.
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Mas não é a primeira vez que Duda Meirelles trabalha em algo relacionado ao Natal. Em Curitiba, já fazia festas e entregava presentes na data. Ele chegou a, inclusive, ir aos encontros de moto com o Papai Noel. Mas afirma, seguro, que gostou de Fortaleza e ficará trabalhando sazonalmente em terras alencarinas.
Vida de Papai Noel: Momentos que marcam a memória
A cada fim de ano, inúmeras crianças vão ver Duda, ou melhor, o Papai Noel. E não faltam histórias sobre encontros que o emocionaram.
Entre as memórias está Pedro, um garotinho que o encontra todos os anos. Na primeira visita, o menino decorou sua cartinha para recitá-la na frente do Papai Noel. “Ele (o Pedro) me deu a carta, levantou na minha frente e começou a falar a carta inteira. Eu fiquei espantado e, a partir daí, marquei ele”, diz Meirelles.
Mas a situação que mais o emocionou foi uma garotinha, no shopping de Maracanaú, que nunca tinha recebido a visita do Papai Noel. Então, Duda pediu o endereço da família e foi lá dias depois entregar o patinete desejado.
Ele conta que ficou emocionado com a reação da menina: “Quando ela veio, ficou toda feliz assim chorando. Esse foi o momento que eu achei mais legal de tudo que nós passamos aqui”.
Papai Noel também voa de parapente
Quando não está sendo o Papai Noel, Meirelles passa seu tempo livre em um motoclube de Curitiba, desde 1999, “quando teve aquela febre de moto clube no Brasil inteiro”. Desde então, passou a viajar e conhecer pessoas novas. “Já viajei 10.000 km de moto. Já fui para o Chile e para a Venezuela de moto.”
Foi o motociclismo que o levou a se interessar pelo parapente. Durante uma viagem, ele e os colegas viram outras pessoas praticando e isso chamou sua atenção.
“Vi aquele pessoal e falei assim: ‘quero fazer uma gravação’”, relata sobre o momento em que filmava e sentia aflorar o desejo de voar. Na semana seguinte, procurou um instrutor e passou oito meses aprendendo a parte teórica. Hoje, Meireles viaja até 70 km de parapente, às vezes indo de uma cidade para outra, no Paraná.
Vida de Papai Noel: Fortaleza sem pressa de ir embora
Durante os anos visitando a capital do Ceará, Duda trabalhou também em outras cidades do Estado, como Maracanaú e Morada Nova.
Segundo ele, o clima e as pessoas são as principais diferenças entre Fortaleza e Curitiba. “Lá muito frio, é um clima assim meio pesado porque não tem sol. E aqui as pessoas são diferentes, são mais carismáticas, conversam com a gente”, compara.
Ele destaca que a tradição natalina de levar as crianças para tirar foto com o Papai Noel é forte na Cidade: “Tem crianças que fazem 18 ou 19 anos e estão aqui tirando foto ainda com Papai Noel porque, desde pequenininhas, o papai tá trazendo elas aqui”.
Meirelles completa dizendo que, para o próximo ano, tem o plano de viajar de Curitiba para Fortaleza em um trailer, já que não tem pressa para voltar após o período natalino. “Quero conhecer Morro Branco, Jericoacoara e Canoa Quebrada”, planeja, mencionando cidades litorâneas do Estado.
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Vida de Papai Noel: O POVO publica série especial
Para traçar a particularidade daqueles que mantêm viva e latente a tradição natalina, O POVO conta quatro histórias de Papai Noel neste dezembro.
Diferentemente do bom velhinho que chega pela chaminé, ou que sai do Polo Norte de trenó em direção aos desejos das crianças, em Vida de Papai Noel será possível conhecer narrativas nunca compartilhadas antes.
Acompanhe o especial publicado todas as segundas-feiras. As próximas histórias serão contadas nos dias 11 e 18 de dezembro.
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