Morcego raro é reencontrado no Paraná após mais de um século
O único registro anterior à descoberta no Paraná foi realizado em 1916 por um naturalista inglês; entenda mais sobre o achado da espécie de morcego
19:10 | Nov. 29, 2023
O morcego da espécie Histiotus alienus foi documentado pela primeira e última vez em 1916 pelo naturalista Michael Rogers Oldfield Thomas. Mais de um século depois, pesquisadores brasileiros reencontraram o mamífero em Palmas, no sudoeste do Paraná.
A captura, utilizando rede de neblina, aconteceu em 2018 durante o projeto “Mamíferos do Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas e do Parque Nacional dos Campos Gerais”, o Promasto. O objetivo era registrar os mamíferos das unidades de conservação.
A espécie se diferencia de outros morcegos do mesmo gênero por suas orelhas menores e membrana extra. A redescoberta foi publicada oficialmente em 2023 no periódico ZooKeys.
Morcego raro é reencontrado: desafios para comprovação
O processo de comparação da espécie precisou ser realizado em vários países, finalizando na Inglaterra. O país é o único local com um registro científico do Histiotus alienus, ou seja, o seu holótipo.
De acordo com o portal Ciência UFPR, o termo faz referência ao exemplar coletado pela primeira vez, utilizado como descrição da espécie. O holótipo pode ser uma ilustração, mas “geralmente é um esqueleto, um fragmento ou o conjunto disso com o corpo do exemplar embalsamado”.
“Barreiras geográficas, financeiras e linguísticas inviabilizam a visita a museus para diversos pesquisadores, ficando a maioria das visitas atreladas a grants (financiamentos) oferecidos por essas instituições”, explica Vinícius Cláudio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“Talvez se o holótipo estivesse no Brasil, essa espécie poderia ter sido redescoberta antes”, completa ao portal universitário.
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Morcego raro é reencontrado: risco de extinção
A coordenadora do projeto de pesquisa e professora do curso de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Liliani Marilia Tiepolo, contou à Ciência UFPR que a equipe ainda tem “muito a investigar” e que a espécie pode ser “naturalmente rara”.
“Pode ser uma espécie que sofreu muito o impacto da devastação da Mata Atlântica, tanto no passado quanto no presente. Ou pode se tratar de uma espécie que é difícil de ser coletada com técnicas tradicionais”, explica.
A análise feita pelo Laboratório de Análise e Monitoramento da Mata Atlântica (Lamma), que coordena a lista vermelha de mamíferos no Paraná, já aponta um severo risco de extinção para a espécie.