Cartas de amor são abertas e lidas pela primeira vez em 265 anos

O conteúdo foi confiscado após captura de navio francês durante a Guerra dos Sete Anos e aberto por um historiador; saiba o que foi encontrado

Um lote de cartas encontradas no Arquivo Nacional britânico foi aberto e lido pela primeira vez desde o período em que o conteúdo foi escrito, no século XVIII, graças à solicitação de um professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

O responsável, Renaud Morieux, encontrou as três pilhas de cartas lacradas e unidas por uma fita. Em seguida, perguntou ao arquivista do local se elas poderiam ser abertas e foi atendido, publicando suas descobertas na revista “Annales. Histoire, Sciences Sociales”.

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“Percebi que fui a primeira pessoa a ler essas mensagens muito pessoais desde que foram escritas. Os destinatários pretendidos não tiveram essa chance. Foi muito emocionante”, revela Morieux.

De acordo com a Universidade de Cambridge, o professor passou meses decodificando essas e mais 102 cartas escritas com grafia complicada, sem pontuação ou letras maiúsculas e preenchendo cada centímetro do papel em que aparecem.

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Cartas de amor abertas e lidas pela 1ª vez: o que foi encontrado

As cartas encontradas por Morieux foram enviadas à tripulação de um único navio francês capturado durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) pela marinha britânica. O conflito envolveu a França e a Inglaterra.

Para o autor, os escritos representam “experiências universais” e não estão limitadas ao século XVIII. “Eles revelam como todos nós lidamos com os principais desafios da vida”, completa.

“Hoje temos Zoom e WhatsApp. No século XVIII, as pessoas só tinham cartas, mas o que escreviam parece muito familiar”, adiciona.

Em correspondência ao marido Jean Garnier, um oficial da marinha francesa, datada de 18 de fevereiro de 1758, Quenette Cherost expressa o amor pelo companheiro com uma linguagem que mistura a sua crença no divino.

“E fiel Esposo você sabe que depois de Deus você é o único que meu coração deseja ver todos os dias”, escreve Quenette.

A esposa de Jean Baptiste Emmanuel Gilbert, mestre calafetador, também escreve: “Abraço-te de todo o coração, não podendo fazê-lo com a boca”.

Mais da metade das cartas encontradas (59%) foram assinadas por mulheres e, segundo Morieux, “destroem a noção antiquada de que a guerra gira em torno dos homens”.

Cartas de amor abertas e lidas pela 1ª vez: relações familiares

Além de juras de amor, as cartas decifradas por Renaud Morieux contêm percepções sobre a vida familiar no século XVIII, especialmente as correspondências enviadas ao marinheiro Nicolas Quesnel, da Normandia, por sua mãe, Marguerite.

“Dê os meus cumprimentos a Varin (um companheiro de bordo), é apenas a esposa dele que me dá as suas notícias”, descreve.

Semanas depois, a noiva de Nicolas, Marianne, escreve para lembrá-lo de dar notícias para a mãe do jovem - “a nuvem negra se foi, uma carta que sua mãe recebeu de você ilumina o ambiente”.

 

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