Nobel 2023: ativista iraniana Narges Mohammadi recebe o prêmio da Paz

A ganhadora do Nobel da Paz foi anunciada nesta sexta-feira (6/10). Narges Mohammadi é conhecida pela luta a favor dos direitos das mulheres. Saiba mais sobre a ganhadora

08:41 | Out. 06, 2023

Por: Mariana Fernandes
Narges Mohammadi,de 51 anos, é a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz (foto: Reprodução/Instagram @nobelprize_org)

A iraniana Narges Mohammadi ganhou o Prêmio Nobel da Paz 2023. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (6/10). Atualmente, ela está presa e foi condenada a mais de trinta anos de prisão.

Ela foi homenageada "pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos".

O marido de Mohammadi disse que o prêmio “vai encorajar a luta dela pelos direitos humanos”.

No comunicado, o comitê do Prêmio Nobel da Paz afirmou que “reconhece também as centenas de milhares de pessoas que, no ano passado, se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático contra as mulheres”.

Nobel da Paz 2023: Narges Mohhamadi foi condenada a 31 anos de prisão

Em setembro do ano passado, uma jovem curda, Mahsa Jina Amini, foi morta quando estava sob custódia da polícia moral iraniana. Seu assassinato gerou uma onda de protestos pacíficos, contra a brutalidade e a opressão das mulheres por parte das autoridades.

Milhares de iranianos participaram e pelo menos 20.000 pessoas foram detidas e mantidas sob custódia do regime. Dentre os presos está Narges, que assumiu a liderança. Ela foi condenada a 31 anos de prisão e 154 chibatadas.

Mesmo presa, afirmou o seu apoio aos manifestantes, o que a fez ser proibida de receber telefonemas e visitas. No entanto, ela conseguiu fazer passar clandestinamente um artigo que o New York Times publicou no dia do aniversário de um ano da morte de Mahsa Jina Amini. A mensagem dizia: "Quantos mais de nós forem presos, mais fortes nos tornamos."

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Nobel da Paz 2023: Saiba mais sobre o ativismo de Narges Mohammadi

O ativismo de Narges Mohammadi começou nos anos 1990, quando ela era uma jovem estudante de física. Na época, ela já se dizia defensora da igualdade e dos direitos das mulheres. Quando concluiu os estudos, Nages trabalhou como engenheira e colunista em vários jornais reformistas.

Em 2003, ela se engajou no Centro de Defensores dos Direitos Humanos em Teerã, uma organização fundada por Shirin Ebadi, também ganhadora do Prêmio Nobel da Paz.

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Ela foi presa pela primeira vez em 2011, pelos seus esforços para ajudar os ativistas encarcerados e as suas famílias. Foi libertada após pagamento de fiança e começou a se dedicar a uma campanha contra a aplicação da pena de morte. O Irã é um dos países que mais executa sua população. Desde janeiro de 2022, 860 prisioneiros foram punidos com pena de morte.

Em 2015, Narges foi presa mais uma vez. Quando saiu da prisão, começou a protestar contra o recurso sistemático do regime à tortura e à violência sexual contra os presos políticos, especialmente as mulheres, praticada nas prisões iranianas.