11 de setembro: conspirações que ainda circulam após 22 anos do ataque

Há 22 anos, um dos momentos mais sombrios da história norte-americana resultou em mais duas mil pessoas mortas devido à ataques terroristas

Os atentados do 11 de setembro completam hoje 22 anos e traz consigo as emoções coletivas ao redor de um evento que foi tão ameaçador à ordem social americana.

Mesmo após tanto tempo, o ataque do grupo extremista islâmico al-Qaeda ainda acarreta um conspiracionismo incutido e disseminado no cotidiado, especialmente quando submetido ao contexto de amplificação nas redes sociais como efeito dos comportamentos das massas.

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Na manhã de 11 de setembro de 2001, dois aviões comerciais atingiram as torres Norte e Sul, que pegaram fogo e desabaram. Outra aeronave colidiu com o prédio do Pentágono, em Washington, e uma quarta caiu na Pensilvânia sem concretizar o ataque planejado depois que os passageiros dominaram os terroristas.

11 de setembro chileno: ENTENDA o que aconteceu em 1973

A Internet reúne um acervo de teorias da conspiração ao redor dos mais variados fenômenos e acontecimentos do mundo, o que não seria diferente com um dos maiores marcos de conflitos geopolíticos contemporâneos. Sugere-se, por exemplo, que os ataques terroristas de 11 de setembro foram conduzidos pelo governo do ex-presidente estadunidense George Bush.

11 de setembro: o que são teorias da conspiração?

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba divulgaram um estudo inédito avaliando os significados atribuídos às teorias da conspiração. Publicado em 2019, o artigo “Teorias da conspiração: significados em contextos brasileiros” explica como se dá o processo de formação do conspiracionismo imbricado na sociedade contemporânea.

De maneira geral, os resultados observados reforçam os obtidos em pesquisas internacionais realizadas na Psicologia. Essencialmente, sugerem que as teorias da conspiração podem ser compreendidas como tendo uma função explicativa e estando associadas a processos mentais que visam considerar o mundo como ordenado, compreensível e previsível.

Quando indivíduos são confrontados por eventos que ameaçam a ordem social, tais como ataques terroristas, guerras e crises econômicas, tal fenômeno dá origem a teorias da conspiração diante da necessidade de compreensão de ações de grupos ou organizações que se unem em um acordo secreto e tentam atingir um objetivo oculto, sendo este percebido como ilegal ou malévolo.

Van Prooijen, Krouwel e Pollet (2015), autores presentes no referencial bibliográfico do artigo, indicam que as teorias da conspiração fazem parte de um sistema de crenças que permite aos indivíduos compreender fenômenos ocorridos na realidade social.

11 de setembro: três teorias da conspiração que são disseminadas após 22 anos

Historiadores, jornalistas, agências de checagem de fatos e organizações não-governamentais tentam derrubar os mitos criados em torno dos ataques, que entre outros efeitos disparou uma onda de aversão a muçulmanos pelo mundo.

Algumas teorias negam a existência do atentado, a despeito de ele ter sido transmitido ao vivo pela TV e testemunhado pelos moradores de Nova York e pela imprensa. Ou atribuem a forças ocultas e a governos.

Confira abaixo:

1. O combustível de um avião não tem o poder de derreter vigas de aço

Essa hipótese foi levantada para justificar a tese de que na verdade as torres teriam caído por ação de explosivos, e não da colisão, além de se referir também ao desmoronamento rápido dos prédios (que durou cerca de 10 segundos) e aos incêndios relativamente curtos (56 minutos no World Trade Center 2 e 102 minutos no World Trade Center 1).

No entanto, um relatório detalhado produzido pelo National Institute of Standards and Technology comprovou que os aviões danificaram severamente as colunas de sustentação, e deslocaram a proteção contra incêndio. O fogo atingiu 1.000º em partes dos prédios, o que fez com que as vigas empenassem e o edifício caísse.

O órgão fez uma investigação extensa e testou os materiais em laboratório para atestar que não houve explosivos, comprovando que o impacto e o incêndio levaram ao desabamento.

2. Não foi um boeing comercial que atingiu edifício, mas sim um míssil ou um avião não tripulado

Como um piloto amador pode ter feito uma manobra complicada em um avião comercial e lançado o avião sobre o quartel-general das forças armadas mais poderosas do mundo - 78 minutos depois do primeiro relato de um possível sequestro - e não ter deixado nenhum vestígio?

Conforme os teóricos da conspiração, o avião estava sob o controle do Pentágono, e não da Al-Qaeda. Entretanto, depois que evidências comprovaram que o voo número 77 da American Airlines realmente atingiu o Pentágono, o foco desta teoria mudou para a discussão sobre a dificuldade de executar a manobra de aproximação.

3. Erro em reportagem da BBC foi fruto de ‘versão roteirizada’ do atentado

A teoria conspiratória de que o atentado foi uma “demolição” planejada e encenada foi amplamente disseminada, aproveitando-se de um erro da BBC, cometido durante uma das coberturas mais dramáticas da história do jornalismo.

De fato, a BBC noticiou o colapso antes de ele acontecer, mas pelas explicações e pelo contexto ficou evidenciado que foi um erro da repórter, quando as torres já estavam prestes a cair. A fumaça é vista ao fundo.

O boletim foi lido pela jornalista às 16h54, e o edifício ruiu às 17h20. Mas antes disso, às 16h15, a CNN já tinha anunciado que autoridades haviam indicado que o colapso era iminente, segundo a Full Fact. A tensão e a busca pelo “furo” explicam.

Richard Porter, então editor-chefe do serviço de notícias global da BBC, negou fazer parte de conspiração, ou que alguém tenha passado comunicados de imprensa ou roteiros à rede.

“No caos e na confusão do dia, […] dissemos coisas que se revelaram falsas ou imprecisas – mas que foram baseadas nas melhores informações que tínhamos. […] usamos palavras como “aparentemente” ou “foi relatado” ou “estamos ouvindo” e tentamos constantemente verificar e verificar novamente as informações que recebíamos.”

11 de setembro: como tudo aconteceu?

Um dos cartões-postais de Nova Iorque, o World Trade Center, um complexo comercial e financeiro formado por sete edifícios, teve sua inauguração em 1973. Dois anos após o início das obras, a Torre Norte já era o maior edifício do mundo, com mais de 380 metros de altura, superando o Empire State Building.

As Torres Gêmeas se tornaram um dos principais alvos dos membros da organização terrorista Al-Qaeda, visto que eram percebidas como o símbolo da economia capitalista norte-americana.

No ataque, cerca de 15 mil pessoas estavam no prédio quando o primeiro avião, correspondente ao voo 11 da American Airlines (AA), foi jogado contra a Torre Norte. O voo 175 da mesma empresa aérea foi lançado contra a Torre Sul do World Trade Center.

O ataque à segunda torre ampliou o grau de devastação do atentado e aumentou o número de mortos na cidade. O voo 77 da AA foi lançado contra o Pentágono, prédio que sediava o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A Torre Sul foi a primeira a desmoronar, cerca de 56 minutos após o ataque.

Um outro voo decolou de Newark para São Francisco e seria lançado contra o Capitólio, mas caiu antes de atingir seu alvo. Ao todo, foram quatro tentativas de ataque por meio de 19 terroristas, no que seria um ato de fé ou jihad, uma guerra santa muçulmana contra os infiéis e inimigos do Islã.

Quatro voos de duas linhas diferentes foram sequestrados por fundamentalistas islâmicos e, depois que as aeronaves estavam no espaço aéreo americano, os terroristas tomaram controle delas para realizar o plano.

11 de setembro: afinal, o que motivou os ataques?

É possível considerar que o grande motivo dos ataques foi a inimizade existente entre os fundamentalistas islâmicos e os EUA, devido à intervenções e presença de tropas norte-americanas no Oriente Médio.

As tropas norte-americanas remontam a relação entre os EUA e a União Soviética, um conflito que respingou nos comandos comunistas presentes no Afeganistão e a necessidade americana de vencer a Guerra Fria.

11 de setembro: como identificar teorias da conspiração?

Uma pesquisa, realizada por cientistas da University College Cork, na Irlanda, se debruçou sobre estudos que tentam neutralizar o pensamento conspiratório. Ao analisar os dados, eles descobriram estratégias comuns para fazer os conspiracionistas perceberem o absurdo de suas crenças.

A pesquisa concluiu que a forma mais promissora de combater o pensamento conspiratório é preveni-lo, seja alertando pessoas com antecedência ou ensinando-as a identificar evidências sobre a desinformação.

Entre as intervenções analisadas, as menos eficazes foram apelar para o senso de empatia ou zombar de um conspiracionistas por causa de suas crenças. Já os mais efetivos foram avisar as pessoas com antecedência de que poderiam se deparar com uma teoria da conspiração e já fornecer um argumento contra ela. Confira abaixo:

  • Não apele para a emoção. As pesquisas apontam que estratégias emocionais não funcionam para mudar a crença
  • Argumentos factuais importam pouco. Nos debates, levar ou não dados científicos não faz muita diferença para lidar com conspiracionistas
  • Foco na prevenção. A melhor estratégia é ajudar as pessoas a reconhecer informações e fontes não confiáveis antes que elas sejam expostas a uma crença conspiracionista
  • Apoie a educação e a análise. Colocar as pessoas em uma mentalidade analítica e ensiná-las explicitamente como avaliar informações parece a forma mais protetiva contra disseminadores de teorias.

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