Aracy Balabanian: qual a origem do sobrenome? Veja ascendência

Caçula de sete filhos, Aracy era filha de migrantes armênios. Conheça a história da família do povo armênio, que sofreu um genocídio no século XX

16:41 | Ago. 07, 2023

Por: Marcela Tosi
A icônica Cassandra de Sai de Baixo foi uma das personagens a quem Aracy deu vida, ao lado de grandes nomes como Miguel Falabella e Marisa Orth (foto: Reprodução TV Globo)

Aracy Balabanian, atriz conhecida pelas personagens Dona Armênia e Cassandra de 'Sai de Baixo', morreu aos 83 anos, na manhã desta segunda-feira, 7. Nascida em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Aracy era filha de imigrantes armênios.

Rafael Balabanian e Estér vieram da Armênia para o Brasil, fugindo do genocídio promovido naquele país pelos turcos otomanos. Eles fixaram residência em Campo Grande, onde se casaram e tiveram filhos. Entre eles, Aracy e outros seis: Maria, Yeranui, Amenui, Arshaluz, Avediz e Armem.

"Frequentei muito a colônia armênia. Minha mãe me ensinava poesias em armênio para declamar todo 24 de abril, noite da lembrança. Eu fazia todos os outros chorarem muito ouvindo isso. Ali vi que gostava do palco", contou em entrevista à Folha em 2015.

Aracy Banabanian: a origem do sobrenome

Em uma entrevista ao Uol em 1988, a atriz revelou a suposta história do “Balabanian”. O final “ian” significa “pertencente à família de".

Ela contou que se estudasse sua árvore genealógica provavelmente encontraria uma “antecedente famoso por sua altura”. Afinal, segundo relato de seus pais, “Balaban” significa “gigante” na língua armênia antiga.

Isso porque os armênios costumavam usar características físicas ou ofícios para criar os sobrenomes.

Aracy Banabanian: quem são os armênios e o que é o genocídio

A Armênia é uma ex-república soviética localizada na montanhosa região do Cáucaso, entre a Ásia e a Europa. Uma das primeiras civilizações cristãs, é identificada por locais religiosos, como o Templo greco-romano de Garni e a Catedral de Etchmiadzin, sede da Igreja Armênia datada do século IV.

No início do século 20, os cristãos armênios eram uma entre as comunidades religiosas no Império Otomano. O império, comandado por muçulmanos, incluía diversos grupos étnicos e religiosos diferentes.

Em 1908, um movimento encabeçado por oficiais das Forças Armadas chamados de "Jovens Turcos" tomou o poder prometendo modernizar e fortalecer o império. Nesse contexto, o Comitê de Unidade e Progresso (CUP) passou a implementar uma série de medidas nacionalistas.

No dia 24 de abril de 1915, mais de 200 intelectuais e líderes comunitários armênios foram presos pelo governo otomano e posteriormente executados. Essa data é marcada como o início do genocídio armênio, apesar de outros massacres contra a população terem ocorrido desde os anos 1890.

Os cálculos sobre o número exato de vítimas variam, mas historiadores estimam que entre 600 mil e 1,5 milhão de armênios tenham sido mortos.

 

Aracy Banabanian: a caçula de sete filhos

Aracy era a caçula da família e a única que nasceu durante o casamento dos pais, que tiveram filhos em casamentos anteriores, segundo contou sua biografia Nunca Fui Anjo, de 2005, escrita pela jornalista Tania Carvalho e com relatos em primeira pessoa da atriz.

De acordo com as informações que a artista cedeu para o livro, seu pai era pastor de ovelhas na Armênia e se casou com uma mulher quando chegou na América do Sul, por volta da década de 1920. Neste primeiro casamento, Rafael teve cinco filhos.

No entanto, a esposa dele faleceu aos 28 anos de idade e foi quando ele partiu para outro casamento, desta vez com Estér, mãe de Aracy, que também era armênica e viúva. 

Aracy Balabanian: atriz fez sucesso com Dona Armênia

O sotaque e alguns costumes da família de origem armênia ajudaram a forjar a personalidade de dona Armênia, papel de destaque de Balabanian na novela Rainha da Sucata (1990). A aceitação do público foi tão grande que a personagem voltou na novela Deus nos Acuda (1992).

"Eu aprendi a ler e a escrever, e declamava em armênio, porque começaram a fazer isso comigo [ensinar] muito cedo. Meu pai e minha mãe me ensinavam poemas, que eu declamava", lembrou a atriz em entrevista ao Programa Sem Censura, da TV Brasil, em 2015.

No programa, ela lembrou que recitava os poemas em festas que reuniam outras famílias de origem armênia. "Aí os velhos choravam, então eu percebi que fazia as pessoas se comoverem, bem pequenininha", contou. "Isso eu fui cobrar meu pai mais tarde, ele me incentivou [na carreira artística]", brincou.