"Prédios-caixão": confira o histórico de edifícios desabados em Recife

Em Pernambuco, cerca de 20 desabamentos de prédios-caixão foram registrados desde a década de 1990; confira o histórico das tragédias e entenda por que tantos prédios desabam em Recife

Em menos de três meses, três prédios desabaram em Pernambuco. Mais que uma tragédia, o histórico de desabamento de edifícios em Recife é uma problemática que decorre da expansão metropolitana da década de 1970 no estado.

Na última semana, no Grande Recife, um edifício estilo "caixão" desabou, deixando 14 mortos e outros 7 feridos. Três dias depois, mais um prédio desmoronou. Mas, afinal, quais condições proporcionam tantos desabamentos? 

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Apenas em 2023, mais de 15 mortes foram causadas devido aos desmoronamentos. Há muito em comum entre os registros de 20 prédios desabados desde de 1990: as estruturas de todos eles foram emuladas a partir da base de prédios que não possuem concreto armado. Confira o que isso significa: 

Entenda o que são prédios tipo “caixão”

“Prédios-caixão” são edificações, por definição técnica, que não possuem concreto armado. Ou seja, ao invés do uso de vigas ou pilares, as próprias paredes “sustentam” a estrutura do edifício.

Devido à redução do tempo e do custo da construção, tal estilo de edificação se tornou bastante popular a partir da década de 1970, quando Pernambuco começou sua expansão urbana e metropolitana. Construtoras iniciantes passaram a realizar em grande quantidade o projeto de prédios-caixão, que tinha um baixo investimento e alto retorno financeiro.

As construtoras utilizaram esse sistema de construção empírico, experimental, sem normas ou técnicas aprovadas.

Um mapeamento feito pelo Laboratório de Tecnologia Habitacional do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) identificou cerca de 5,3 mil prédios construídos dessa forma na região, principalmente nas cidades de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista.

Pelo menos mil deles foram classificados com alto risco de desabar, outros 260 com risco muito alto.

Qual o risco de um prédio tipo “caixão”?

Em entrevista à BBC News Brasil, o engenheiro Carlos Wellington Pires, especialista na situação dos prédios-caixão em Pernambuco, explica que a estrutura desses prédios foi construída usando blocos de vedação, a maioria em cerâmica, quando deveriam ter sido usados blocos estruturais, mais resistentes.

Outro ponto identificado como fundamental para a ruína dos edifícios é a “fundação vazia”.

Além da má estruturação dos edifícios, fatores climáticos e geográficos agravam a problemática das tragédias. Segundo a BBC, mesmo em terrenos em que havia desnível, não era feito o aterro pelas construtoras para nivelar. Isso fez com que, embaixo dos edifícios, existisse uma espécie de buraco, onde a eventual presença de água pode ir corroendo a estrutura de sustentação do prédio.

O Grande Recife, Região Metropolitana onde se encontra grande parte dos prédios-caixão de Pernambuco, é conhecido por um índice de chuvas intensas. Não obstante, as regiões onde os prédios foram construídos têm um sistema de saneamento deficitário e estão em áreas onde há grande presença de mangues, rios e canais.

Os prédios, que deveriam estar interditados, ainda são reocupados pela parcela de corpos dissidentes da população que não possuem outra escolha de habitação, como foi o caso do desmoronamento no Conjunto Beira-Mar.

Cronologia do histórico de desabamentos em Pernambuco

 

 

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