"Food porn": cientistas descobrem como nosso cérebro reage a fotos de comidas gostosas
De acordo com os pesquisadores do MIT, a descoberta ajuda a entender o significado especial dos alimentos na cultura humana. Entenda:
Com certeza você já revirou os olhos de satisfação ao ver seu prato chegar na mesa de algum restaurante ou ficou com água na boca só de ver a foto de alguma comida deliciosa nas redes sociais com a legenda ou a hastag "#FoodPorn". A ciência conseguiu explicar o motivo disso acontecer e como são nossas reações diante de fotos, vídeos ou imagens das comidas que julgamos serem gostosas.
Em um novo estudo realizado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) foi comprovado que a famosa "#foodporn" não apenas é real, como realmente estimula nosso cérebro diante da exposição a imagens de comida.
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Comida excitante? Entenda o conceito de "Food Porn":
O estudo do MIT destaca a existência de uma recém-descoberta constelação de neurônios de processamento de imagens que são estimulados exclusivamente por imagens de comida.
Todo esse processo ocorre no córtex visual, que é o responsável por processar e interpretar os estímulos enviados pelos olhos. É nessa parte do cérebro que os neurônios são ativados por imagens de alimentos.
De acordo com os pesquisadores, a descoberta ajuda a entender o significado especial dos alimentos na cultura humana, já que a comida não é apenas criticamente importante para a sobrevivência, mas ocupa um sentido fundamental na forma como organizamos nossa vida social.
"O alimento é central para as interações sociais humanas e práticas culturais. Não é apenas sustento", comenta sobre o estudo Nancy Kanwisher, professora de neurociência cognitiva do MIT.
Tudo foi descoberto pelos pesquisadores Meenakshi Khosla e N.Apurva Ratan Murty, do MIT, a partir de uma análise de um grande banco de dados público de respostas do cérebro humano a um conjunto de 10.000 imagens.
Oito pessoas foram testadas para fazer o estudo e os dados foram coletados a partir de um método matemático, que foram captados através de ressonância magnética funcional de cérebro inteiro (fMRI) enquanto elas visualizavam milhares de imagens.
O objetivo era tentar perceber se as principais seletividades de estímulos visuais (rostos, lugares, palavras, etc) se confirmavam ou se poderia haver algumas que os estudos anteriores não tenham identificado.
Como nosso cérebro reage a fotos de comida?
Durante o estudo, ao analisar a imagem de uma batata, os cientistas perceberam que o alimento estimulava um novo agrupamento de neurônios, conjunto até então não estudado.
"Ficamos bastante intrigados com isso porque a comida não é uma categoria visualmente homogênea", disse o pesquisador responsável pelo estudo Meenakshi Khosla, em um artigo publicado pelo MIT.
"Coisas como maçãs, milho e macarrão parecem tão diferentes umas das outras, mas encontramos uma única população (de neurônios) que responde de maneira semelhante a todos esses diversos itens alimentares."
Ou seja, ao identificar algo como "comestível", neurônios específicos do nosso cérebro são ativados.
Para não ter dúvida de que esses neurónios respondiam mesmo à comida, e não apenas a forma dela, os cientistas usaram imagens com formatos semelhantes, como uma banana e a lua crescente amarela, ou até fotos de chihuahua ao lado de muffins — ideia que, segundo conta Khosla, surgiu de um meme que viralizou nas redes.
"Embora a maioria das imagens mais bem classificadas sejam de alimentos preparados (por exemplo, uma fatia de pizza), os alimentos in natura (por exemplo, brócolis, cenoura, banana etc.) também mostraram grande evidência na seletividade alimentar", diz o estudo.
Isso significa que uma fatia de pizza com queijo derretido atinge os neurônios de forma diferente e mais potente que frutas ou vegetais crus.
Mas, qual a origem da hastag "#FoodPorn"?
O food porn, ou pornografia da comida, consiste em imagens, fotografias ou vídeos que sugerem alimentos preparados de forma que nos despertem instantaneamente a fome.
Os alimentos usados na food porn no geral são deliciosos, chamativos e repletos de calorias, trazendo ingredientes geralmente não usados e/ou exóticos.
Esse tipo de abordagem começou com fotografias de alta resolução publicadas em revistas de gastronomia, mas os programas de cozinha na televisão, e especialmente a internet e as redes sociais, a tornou muito mais acessível.
A food porn está entre as imagens que mais se compartilham comumente no Instagram.