'Doença das virgens': entenda a ‘epidemia do amor’ extinguida no século XX

Na época, médicos avaliavam que a cura para a enfermidade seria "viver com homens e copular"

Vista como “a doença de mulheres nervosas” por muitos séculos, o “mal de amor” foi inspiração para a obra de diversos artistas renomados. Com sintomas de palidez e fadiga associados a mulheres jovens, a enfermidade findada no século XX ganhou vários nomes e análises médicas, sendo “Clorose” o mais aceito cientificamente.

Durante o século XVI e XVII, uma doença que afetava principalmente adolescentes e jovens do sexo feminino tornou-se inspiração para obras de pintores, poetas e dramaturgos. Johannes Lange llamó, médico alemão, classificou o problema como morbo virgineo ou "doença das virgens" em 1554.

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“Doença das Virgens”: sintomas e tratamento

Diversos sintomas eram considerados para o diagnóstico da doença: aparência "pálida, como se estivessem sem sangue", dificuldade para respirar, palpitações, mudanças de humor, fadiga, aversão à comida (carne em particular), apatia e tornozelos inchados.

Segundo o médico alemão, a doença poderia ser curada ao "viver com homens e copular.” Após a gravidez, a mulher estaria recuperada. 

Obra 'A Visita do Médico', de Jan Steen, retratava o adoecimento por Clorose
Obra 'A Visita do Médico', de Jan Steen, retratava o adoecimento por Clorose (Foto: Reprodução/Getty Images)

O “mal de amor” ao longo do tempo: outros nomes

Ao longo do tempo, a “doença das virgens” recebeu outros nomes por diferentes médicos, como febris amatoria ou "febre amorosa". Em 1619, o professor de Medicina em Montpellier Jean Varandal cunhou o termo "clorose" para a enfermidade.

A nova nomenclatura se deu pela palavra grega cloros, que significa "amarelo esverdeado" ou "verde pálido". Na época, tinham relatos de que as jovens adoentadas possuíam essa tonalidade de pele, ainda que essa ideia seja contrariada por alguns especialistas modernos.

Em um artigo publicado no British Medical Journal, o especialista Irvine Loudon avalia que o apelido de "doença verde" provavelmente viria do fato de que as mulheres eram “metaforicamente verdes”, ou seja, sem experiência ou maturidade.

No decorrer dos séculos, outros sintomas foram associados à doença, como a ausência de menstruação (amenorreia). O artigo cita que o tratamento adequado para a enfermidade recomendado seria o sexo dentro do matrimônio e a concepção. A educação, no entanto, era contraindicada para as mulheres doentes.

A clorose é um mistério para a medicina até os dias de hoje.

 

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