Padre casa o próprio neto em Porto Alegre: "Quase ninguém tem essa oportunidade"

Ânderson é um dos 4 netos do padre Paulo, que teve 4 filhos de seu relacionamento antes do sacerdócio

16:31 | Mai. 26, 2022

Por: Maria Eduarda Andrade
Padre Paulo, como é conhecido, realizou a cerimônia de casamento do seu neto Anderson Martins com a atual esposa Rafaela. (foto: Fernando Lacerda/Divulgação)

Ver um padre realizar um casamento é comum, mas tudo muda quando a cerimônia é do neto do próprio pároco. Paulo Müller, de 85 anos, é um dos padres auxiliares na Catedral São Luiz Gonzaga, de Novo Hamburgo, em Porto Alegre, e realizou a cerimônia do próprio de seu neto,  Ânderson Martins, no dia 14 de maio.

Ânderson é um dos 4 netos de Paulo, que teve 4 filhos em seu relacionamento antes do sacerdócio em 1992. Padre Paulo foi casado por 29 anos com Lizzete, que morreu em 1988.

O engenheiro químico vive em Estância Velha, no Rio Grande do Sul. Ele contou ao portal G1 que mantém um relacionamento com a médica Rafaela Pilla Muccillo Müller, de 30 anos, há nove anos e planejavam o casamento desde 2019. A cerimônia estava marcada para 2020, mas os planos foram adiados pela pandemia.

A ideia inicial era a realização de uma celebração ecumênica, que é fora da igreja. Porém, os pais dos noivos sugeriram um casamento religioso, o que levou ao convite para o avô.

O sacerdote revela que se sente grato por ter participado desse momento. "Foi uma coisa maravilhosa. Quase ninguém tem essa oportunidade que eu tive", comenta o padre.

O padre relata que, embora muitos achem estranho o sacerdócio após um casamento, já na infância gostava da função religiosa. Ele lembra que deixou de cogitar a possibilidade de seguir a vocação após prestar serviço militar. Foi naquela época, na década de 1950, que conheceu a esposa em uma cafeteria.

Ainda de acordo com o sacerdote, mesmo casado, lia a Bíblia e cumpria os sacramentos católicos. Após o falecimento de sua esposa, Paulo buscou amparo, participando das atividades da igreja, sendo catequista, ministro da eucaristia e, depois, diácono.

Paulo decidiu ir para o seminário depois de atender um sepultamento em que os familiares do falecido cobraram a presença de um padre. Dom Boaventura Kloppenburg, bispo de Novo Hamburgo na época, levou o pedido de Paulo para o Vaticano, que autorizou a formação do religioso.

Ânderson garante que foi um momento único e ter seu avô participando da celebração foi muito especial. "Ele é uma das poucas pessoas que podem falar que já estiveram dos dois lados da mesa", brincou a engenheiro.