Nova descoberta da Nasa pode marcar início do fim do telescópio Hubble

Telescópio Hubble foi capaz de observar a estrela mais antiga já vista. Nova descoberta da Nasa pode marcar início do fim do instrumento. Quem vai o substituir?

23:04 | Mar. 30, 2022

Por: Camila Garcia
Brasil quer construir satélites (foto: Nasa)

A Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço, em português) anunciou nesta quarta, 30, uma nova descoberta do telescópio Hubble. De acordo com a agência espacial dos Estados Unidos, o equipamento foi capaz de observar a estrela mais antiga já registrada em seus 32 anos de existência e essa pode ter sido sua última missão.

Segundo a agência, essa descoberta quebra o recorde de estrela mais antiga já observada no universo. A 12.9 bilhões de anos-luz de distância da Terra, a estrela é somente 900 milhões de anos mais nova que o nosso Universo. O instrumento de observação do espaço profundo já realizou descobertas que revolucionaram a astronomia, como a medição da velocidade de expansão do universo.

No entanto, a nova descoberta pode marcar o início do fim das atividades do telescópio, cujo substituto já está em atividade. O telescópio espacial James Webb (JWST), nomeado em homenagem a um dos administradores da Nasa foi lançado no espaço no dia 25 de dezembro de 2021, e possui tecnologia capaz de observar objetos mais antigos, mais distantes e menos brilhantes do que os observados pelo Hubble.

Lançado com uma expectativa de funcionamento de somente 15 anos, o Hubble mais que dobrou seu tempo de funcionalidade, estando em órbita a mais de 32 anos. A Nasa já anunciou que espera que o telescópio ainda funcione até além de meados dos anos 2020, apesar de que o James Webb já esteja coletando imagens e informações sobre vida fora da Terra.

Telescópio James Webb, que vai substituir Hubble, leva nome polêmico

Ao anunciar o nome do novo telescópio espacial, a Nasa sofreu represálias de cientistas ao redor do mundo. Isso porque James Webb, que administrou a agência entre 1961 e 1968, é acusado por parte da comunidade acadêmica de astronomia de ter perpetuado a homofobia dentro do governo americano.

Nos anos 1950, o medo do comunismo e a política do macarthismo, que normalizava acusações de traição e subversão, pavimentaram o caminho para a discriminação sistemática contra pessoas da comunidade LGBT+ em agências estatais americanas.

Contribuindo para o movimento conhecido como “o susto de alfazema” (The Lavender Scare, em inglês), o diretor da Nasa, James Webb, é acusado de ser conivente com a perseguição de gays e lésbicas em agências estatais americanas, enquanto trabalhou como subsecretário de Estado na presidência Truman (1945 - 1953).

Petições foram assinadas a favor da renomeação do telescópio, e profissionais em altos cargos da Nasa pediram demissão no decorrer das conversas, mas nenhuma ação institucional foi tomada. O telescópio foi à órbita como planejado, cercado de fascínio de controvérsia, o sucessor de, talvez, o mais famoso aparelho de observação espacial da história.