Homens mais ricos do mundo dobraram fortuna na pandemia
Riqueza dos dez maiores bilionários do mundo passou de US$ 700 bilhões para US$ 1,5 trilhão desde março de 2020. Enquanto isso, mais de 160 milhões de pessoas ficaram mais pobres.
00:04 | Fev. 03, 2022
A instituição foi fundada no Reino Unido em 1942 por um grupo que buscava levar suprimentos a mulheres e crianças atingidas por bloqueios navais na Grécia ocupada pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra. Segundo o estudo, as fortunas agregadas dos dez homens mais ricos do mundo aumentaram de US$ 700 bilhões para US$ 1,5 trilhão, com uma média de aumento diário de US$ 1,3 bilhões. Isso é mais do que o Produto Interno Bruno (PIB) do Brasil, que, em 2020, foi de pouco mais de US$ 1,4 trilhão.
Por outro lado, mais de 160 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza no mesmo período, segundo o levantamento intitulado "Desigualdade Mata” (Inequality Kills), publicado nesta segunda-feira (17/01), antes do início do Fórum Econômico Mundial, que vai até sexta-feira (21/01) e neste ano será realizado online devido à pandemia.
Segundo a revista americana Forbes, os dez homens mais ricos do mundo são:
Elon Musk (dono da Tesla e chefe do Space X)
Jeff Bezos (Amazon)
Larry Page e Sergey Brin (fundadores do Google)
Mark Zuckerberg (Facebook)
Bill Gates e Steve Ballmer (ex-CEOs da Microsoft)
Larry Ellison (ex-CEO da Oracle)
Warren Buffet (investidor americano)
Bernard Arnault (chefe do grupo de luxo francês LVMH).
"A violência econômica dilacera o mundo”
O estudo feito pela Oxfam concluiu que as crescentes desigualdades não apenas econômicas, mas também de gênero e raciais "estão dilacerando o mundo”. Conforme os autores do artigo, "isso não é por acaso, mas sim por escolha: a ‘violência econômica' é perpetrada quando as escolhas políticas estruturais são feitas pelas pessoas mais ricas e poderosas. Isso causa danos diretos a todos nós e às pessoas mais pobres, além de mulheres e meninas, e aos grupos que sofrem preconceito racial”.
"Nunca foi tão importante começar a corrigir os erros violentos dessa desigualdade obscena, recuperando o poder e a extrema riqueza das elites, inclusive por meio da tributação, reavendo esse dinheiro para a economia real e para salvar vidas”, declarou a diretora executiva da Oxfam Internacional, Gabriela Bucher. "A pandemia de covid-19 revelou abertamente tanto as motivações da ganância quanto das oportunidades por meios políticos e econômicos, pela qual a desigualdade extrema se tornou um instrumento de violência econômica, acrescentou Bucher.
Influências dos bancos em governos e nos mercados de ações Ainda que os preços das ações tenham caído drasticamente no começo da pandemia, os bancos centrais e governos em todo o mundo implementaram pacotes de estímulo a fim de dar-lhes um novo impulso. Uma vez que as taxas de juros foram reduzidas a níveis recordes e a oferta de dinheiro cresceu maciçamente por meio da flexibilização quantitativa - processo em que os bancos centrais compram títulos do governo ou ativos financeiros em forma de ações para colocar mais dinheiro em circulação e, assim, aumentar a atividade econômica -, os mercados de ações dispararam. Além disso, empresas de tecnologia como Amazon, Google e Facebook observaram um grande aumento em seus lucros porque cada vez mais pessoas passaram a trabalhar em casa e a fazer as suas compras online.
Os autores do trabalho pediram a redução da riqueza extrema através de tributação progressiva, uma medida comprovada no combate à desigualdade, bem como uma mudança de poder na economia e na sociedade.
Metodologia usada pela Oxfam é questionada
A Oxfam tirou suas conclusões a partir do Relatório de Riqueza Global do banco suíço Credit Suisse (Credit Suisse Global Wealth Report) e da lista de bilionários da Forbes, que se baseia nos valores dos ativos dos indivíduos mais ricos. Isso inclui propriedades, terrenos ou imóveis e ações corporativas, menos as dívidas. Outras formas de renda não fazem parte do levantamento.
A mesma metodologia é utilizada pela Oxfam ao determinar os níveis globais de pobreza. No ano passado, o método foi bastante criticado sob o argumento de que cria uma definição questionável de quem é realmente pobre e quem não é. Um dos argumentos dos críticos, por exemplo, é de que é difícil colocar no mesmo grupo um estudante, que pode ter um alto nível de endividamento devido a um empréstimo estudantil, e um agricultor de baixa renda da China. gb (AP, AFP, dpa, Reuters)