Como o peru, uma ave do México, se tornou o principal símbolo da ceia de Natal no mundo?

Acredite: houve uma época em que o prato principal na ceia de Natal era cabeça de javali em conserva

Você sabia que nem sempre o astro da ceia de Natal foi o peru? Ou muito menos o pernil?

Pois bem, acredita-se que, durante a Idade Média, a gastronomia natalina era um tanto peculiar. No lugar das conhecidas aves e do pernil que preenchem nossos pratos entre os dias 24 e 25 de dezembro, o grande destaque da noite era a cabeça de javali em conserva.

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Inserido na sociedade inglesa apenas no século XVI, o peru só se tornou de fato o prato de destaque 400 anos depois.

Tudo se inicia por volta de 1526, quando um proprietário de terras em Yorkshire, na Inglaterra, voltou para casa após uma viagem pelo Novo Mundo - como a América era chamada -, onde os perus eram domesticados por indígenas nas regiões que hoje correspondem ao México e parte dos Estados Unidos.

William Strickland atracou seu navio no porto de Bristol e vendeu os animais aos habitantes locais. A ave, que hoje é símbolo gastronômico do Natal, levou séculos para ser aderida pela massa, mas fez sucesso instantâneo entre os mais abastados.

Os perus eram estimados pela elite inglesa, principalmente, por serem exóticos. Ter esta ave na mesa era considerado um símbolo de status na época.

Assim como sua rápida fama entre os mais ricos, a associação da ave ao almoço de Natal também ocorreu de forma imediata. Alguns atribuem isso pelo fato de que eles atingem a fase adulta durante o outono, de setembro a novembro, e são abatidos durante o inverno do hemisfério norte, época das festas de fim de ano. 

O escritor britânico Charles Dickens, que tinha certo apreço pelos perus, citou-os em seu famoso "Conto de Natal", em que o imortalizado avarento Ebenezer Scrooge, após uma experiência algo espiritual, reconhece seus erros e decide mudar o rumo da sua vida: daí, o protagonista da história decide providenciar um enorme peru de última hora para presentear seu funcionário mal remunerado no Natal.

De acordo com informações da BBC, depois da publicação, um amigo do escritor enviou um peru espetacular para o seu almoço de Natal, mas um incidente durante o caminho impediu que o animal chegasse lá.

A carroça que levava o peru, que tinha cerca de 13 kg, pegou fogo durante a viagem. Os corpo queimado do per foi devorado por famílias pobres do local, transformando o desastre em um "almoço" natalino.

O crédito da popularização do peru como uma tradição do Natal, atualmente, pertence ao escritor Dickens. Ainda assim, a preferência comum na época do lançamento do "Conto de Natal" ainda era o ganso assado, ave popularmente conhecida na Inglaterra anterior ao peru.

O ponto decisivo que transformou o prato secundário em principal foi o avanço na produção de alimentos e, consequentemente, o aumento de demanda que barateou o valor do peru.

A produção aumentou e os perus, que antes eram criados em pequenas fazendas de forma doméstica, se transformaram em uma linha de fabricação, fazendo com que décadas depois a carne do animal finalmente fosse acessível às classes mais pobres, superando os concorrentes, e enfim, tornando-se o prato principal do Natal em muitos países.

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