A 4km/h, Olavo Bilac protagonizou o 1º acidente de carro do Brasil

Durante o acidente, o carro dirigido por Olavo Bilac estava a somente a quatro quilômetros por hora e não houve vítimas ou ferimentos graves. O veículo, por outro lado, ficou inutilizável e eventualmente foi vendido a um ferro-velho

21:24 | Set. 13, 2021

Por: Mateus Brisa
Na ocasião, o veículo dirigido por Olavo Bilac era um Serpollet a vapor de três rodas (foto: Reprodução/Quatro Rodas)

Quando ainda era capital do Brasil, o Rio de Janeiro foi cenário do primeiro acidente de carro do País, em 1897. Era um domingo quando um Serpollet a vapor zapeou rumo à Estrada Velha da Tijuca, no Alto da Boa Vista, e eventualmente atingiu uma árvore, segundo registros da época. E quem dirigia o automóvel naquele momento era Olavo Bilac, poeta carioca coautor do Hino à Bandeira e membro fundador da Academia Brasileira de Letras.

Junto dele, no banco do carona, estava o dono do carro, José do Patrocínio, jornalista abolicionista e também co-fundador da Academia. Durante o acidente, o carro estava a somente quatro quilômetros por hora (km/h) e não houve vítimas ou ferimentos graves. O veículo, por outro lado, ficou inutilizável e eventualmente foi vendido a um ferro-velho, segundo descreveu o escritor Coelho Neto, em 1906, no jornal “Correio da Manhã”.

“Patrocinio insistia com o machinista para que desse mais pressão e o poeta (Bilac) sorria desvanecido guiando a catastrophe através da cidade alarmada. Por fim, num tranco, o carro ficou encravado em uma cova, lá para as bandas da Tijuca e, para trazel-o ao seu abrigo, foram necessários muitos bois e grossas correntes novas. Enferrujou-se. Quando, mais tarde, o vi, nas suas fornalhas dormiam gallinhas. Foi vendido a um ferro velho”.

A chegada do carro

Após uma viagem por Paris, Patrocínio retornou ao Brasil com o primeiro automóvel do Rio de Janeiro, um triciclo desmontado. A novidade havia sido criada apenas um ano antes pelo francês Léon Serpollet, cujo sobrenome foi carregado junto. O cronista João do Rio relata, na crônica “A era do automóvel”, a reação das pessoas ao verem o carro, então uma novidade no País.

“O primeiro (carro), de Patrocínio, foi motivo de escandalosa atenção. Gente de guarda-chuva debaixo do braço parava estarrecida, como se tivesse visto um bicho de Marte ou um aparelho de morte imediata”, escreveu ele. Depois disso, Olavo Bilac, amigo íntimo de Patrocínio, teve o privilégio de conduzir o carro.

Após receber algumas orientações do amigo, Bilac saiu em direção à Estrada Velha da Tijuca. Na primeira curva, a quatro km/h, ele perdeu o controle e bateu na árvore.

Primeiro acidente de trânsito do mundo

Segundo documentado, o primeiro acidente de trânsito do mundo aconteceu pouco tempo antes do episódio no Rio de Janeiro. Era 1896, em Londres, quando Bridget Driscoll, de 45 anos, dirigia com uma amiga e sua filha adolescente quando um automóvel maior, usado para passeios, surgiu inesperadamente e acertou o carro da mulher, que morreu durante o acidente.

O motorista do segundo veículo era Arthur James Edsall, que, segundo testemunhas da época, trafegava em alta velocidade. Naquele período, a velocidade máxima permitida era próxima dos 13 km/h. Em depoimento à polícia local, uma passageira que estava com Arthur afirmou que ele modificou o motor do veículo para atingir maiores velocidades.

Com informações de Folha de S.Paulo, R7 e Revista Abril

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