Saiba qual a origem do 1º de abril, "dia da mentira", famoso na Europa e com jeitinho cearense

Conheça algumas das histórias desta data celebrada nesta quarta-feira, 1º

Mirabolantes e sem pé nem cabeça são algumas das histórias escutadas e reproduzidas todos os anos em 1º de abril, classificado por inúmeras pessoas como o “dia da mentira”. Muito comum principalmente durante a infância no Brasil, a data é “levada a sério” ainda hoje em países como Inglaterra e França. Mas, afinal, você sabe qual a origem desse termo?

Com diversas e possíveis origens, uma história está entre as mais conhecidas para definir este dia.

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Ainda no século XVI, a chegada de um novo ano era celebrada na transição entre os meses de março e abril. Algo que mudou totalmente quando o papa Gregório XIII resolveu adotar novo calendário, que ficou conhecido como gregoriano, em homenagem ao pontífice. Nele, o novo ano passava a ser comemorado em 1º de janeiro e não mais em 1º de abril.

Mesmo com a determinação, no entanto, inúmeras pessoas, ignorantes ou desinformadas quanto à mudança, mantiveram a tradição e continuaram a fazer suas festas ainda no primeiro dia de abril. Isso teria repetido por sucessivos anos após a decisão papal.

Enquanto isso, aqueles que de cara aceitaram a nova data passaram a zombar daqueles resistentes à alteração. Conhecidas como “bobos de abril”, essas pessoas recebiam convites para falsas festas na data, para o deleite de quem já havia se acostumado com a mudança imposta.

Tradição de brincadeiras

As brincadeiras passariam então a ser as principais marcas dessa confusão de datas. Na França, por exemplo, os trotes de abril começaram a ficar conhecidos com a marcação de falsos casamentos, além da pregação de cartazes com falsas determinações reais.

A poucos quilômetros dali, a Inglaterra também enraizou a data, tanto é que até hoje a tradição é mantida inclusive em grandes veículos de imprensa. Em 1º de abril de 2017, por exemplo, o tabloide Daily Mail publicou que o príncipe Harry e a sua então namorada Meghan Trainor haviam realizado casamento surpresa. A suposta informação era apenas uma pegadinha com os leitores.

Já o concorrente The Mirror brincou em "matéria" informando que cavalos de corridas poderiam usar “fones de ouvido de alta tecnologia” tocando música para uma competição. Jornais como The Guardian, Telegraph e Daily Express também entraram na brincadeira naquele ano.

E no Ceará também tem mentiroso?

Com um povo famoso por fazer graça, o Ceará também carrega algumas histórias tendo a mentira como personagem principal. Entre as mais famosas está a do “Cajueiro da mentira”, que ficava na Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza.

Durante os séculos XIX e XX, uma árvore histórica esbanjava beleza na cidade alencarina. Segundo consta, durante o ano todo a árvore dava frutos, muitos dos quais usados como “tira-gosto” entre aqueles que bebiam cachaça pela região.

Ponto de encontro para os frequentadores da praça, a árvore reunia diversas pessoas nos dias 1º de abril. Durante anos, o local servia para a realização de concurso de mentiras, quando a população escolhia o “caba mais mentiroso”, de acordo com o livro de Juarez Leitão, Sábado, Estação do Viver.

“Uma urna era colocada debaixo do cajueiro, e durante todo o dia procedia-se a votação em meio a grande algazarra dos frequentadores. Enquanto a banda executava dobrados, marchas e polcas, era proclamado o resultado num grande cartaz afixado no tronco da árvore: o Mentiroso-Mor é fulano de Tal, com direito a retrato e tudo”, informa a obra.

Com reforma promovida na Praça do Ferreira pelo prefeito Godofredo Maciel, porém, a árvore teria sido retirada, levando consigo a tradição, mas não as lembranças (e práticas) da mentira na Capital.

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