Missão da Nasa decola para estudar se lua de Júpiter pode abrigar vida

Com decolagem prevista ainda para o mês de outubro, a Missão Europa Clipper investigará a potencial habitabilidade da lua de Júpiter em abrigar vida

Uma nave espacial da Nasa, irá em direção a Júpiter mirando na sua lua Europa para buscar potenciais condições de vida fora da Terra. Amissão Europa Clipper, com decolagem prevista para esta segunda-feira, 14, é a primeira etapa para determinar se nosso sistema solar poderia abrigar vida em outro corpo celeste.

Uma imponente sonda da Nasa se prepara para iniciar a sua longa viagem até 'Europa', um dos inúmeros satélites de Júpiter, onde chegará em abril de 2030. Cerca de 4.000 pessoas trabalharam durante aproximadamente uma década nesta missão, que custa 5,2 bilhões de dólares (29,2 bilhões de reais na cotação atual).

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A bordo do foguete Falcon Heavy da SpaceX, do Kennedy Space Center, a sonda investigará a região abaixo da crosta gelada da lua de Júpiter, onde se acredita que exista um oceano perto da superfície.

Ela não procurará por vida, mas buscará determinar se as condições lá existentes poderiam sustentar vida extraterrestre. "É uma oportunidade para explorarmos não um mundo que poderia ter sido habitável há bilhões de anos, mas um mundo que pode ser habitável hoje, agora mesmo", aponta Curt Niebur, chefe da parte científica da missão.

A sonda decolará de Cabo Canaveral, no estado da Flórida. A Nasa indicou que o lançamento não ocorrerá antes das 12h06min, horário local, desta segunda-feira (13h06min no horário de Brasília).

"Europa é um dos lugares mais promissores para a busca de vida fora da Terra", afirma Gina DiBraccio, funcionária da Nasa, em coletiva de imprensa.

A sonda é a maior projetada pela Nasa para exploração interplanetária, chegando a 30 metros de comprimento com seus painéis solares estendidos, projetados para capturar a luz fraca no caminho para Júpiter.

Missão Europa Clipper da Nasa: quanto tempo irá durar?

Levará cinco anos e meio para chegar a Júpiter e se esgueirará a 16 milhas (aproximadamente 26 quilômetros) da superfície de Europa — consideravelmente mais perto do que qualquer outra nave espacial.

A viagem circular até Júpiter abrangerá 1,8 bilhões de milhas (cerca de 3 bilhões de quilômetros). Para um impulso extra, a espaçonave passará por Marte no início do próximo ano e depois pela Terra no final de 2026.

Ela chega a Júpiter em 2030 e começa o trabalho científico no ano seguinte. Enquanto orbita Júpiter, ela cruzará o caminho com Europa por 49 vezes.

A missão termina em 2034 com uma colisão planejada em Ganimedes — a maior lua de Júpiter e do sistema solar também.

Missão Europa Clipper da Nasa: conheça Europa, lua de Júpiter

Uma das 95 luas conhecidas de Júpiter, Europa é quase do tamanho da nossa própria lua. Ela está envolta em uma camada de gelo estimada em 10 milhas a 15 milhas ou mais (15 quilômetros a 24 quilômetros) de espessura.

Cientistas acreditam que essa crosta congelada esconde um oceano que pode ter 80 milhas (120 quilômetros) ou mais de profundidade.

O Telescópio Espacial Hubble avistou o que parecem ser gêiseres em erupção da superfície. Descoberta por Galileu em 1610, Europa é uma das quatro chamadas luas galileanas de Júpiter, junto com Ganimedes, Io e Calisto.

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Vida primitiva em Júpiter?

As primeiras imagens próximas de Europa, cuja existência é conhecida desde 1610, foram feitas pela sonda Voyager em 1979, revelando misteriosas linhas avermelhadas em sua superfície. Na década de 1990, a sonda Galileo confirmou a muito provável presença de um oceano.

Desta vez, o Europa Clipper carrega diversos instrumentos ultrassofisticados, entre eles câmeras, espectrógrafo, radares e magnetômetro.

A missão deve permitir determinar a estrutura e a composição da sua superfície congelada, a profundidade e até mesmo a salinidade do eventual oceano. Tudo para entender se ali há os três ingredientes necessários à vida: água, energia e alguns compostos químicos.

Se existirem, a vida poderia estar no oceano na forma de bactérias primitivas, explica Bonnie Buratti, cientista-adjunta da missão. Embora muito profundo para o Europa Clipper ver.

Mas e se Europa, por fim, não for habitável? "Isso também abriria caminho para uma série de questões: por que pensamos isso e por que não existe?", diz Nikki Fox, administradora associada da Nasa.

Se o nosso sistema solar revelar que existem dois mundos habitáveis (Europa e Terra), "pense no que isto significa ao estender este resultado aos bilhões de outros sistemas solares nesta galáxia", imagina Curt Niebur.

"Mesmo deixando de lado a questão de saber se existe vida em Europa, a questão da habitabilidade por si só abre um novo paradigma para a procura de vida na galáxia", acrescenta.

O Europa Clipper funcionará ao mesmo tempo que a sonda Juice, da Agência Espacial Europeia (ESA), que estudará outras duas luas de Júpiter, Ganimedes e Calisto, além de Europa. (Com Chandan Khanna e com Lucie Aubourg/AFP)

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