Concentrações de metano na atmosfera aumenta, aponta novo estudo

A capacidade de aquecimento do metado é 80 vezes superior que a do CO2, mas ele decompõe-se mais rapidamente, o que possibilita a redução de seu impacto

06:26 | Set. 10, 2024

Por: AFP
O metano (CH4) é o segundo principal gás do efeito estufa vinculado à atividade humana, atrás do dióxido de carbono (CO2) (foto: FABIO LIMA)

As concentrações de metano na atmosfera aumentam constantemente, a um ritmo que acelerou nos últimos anos, apesar da promessa de muitos países de reduzir as emissões deste gás que provoca o efeito estufa, anunciou um grupo de pesquisadores.

"O metano está aumentando de modo mais rápido em termos relativos do que qualquer outro gás do efeito de estufa importante e agora se encontra em níveis 2,6 vezes mais elevados que no período pré-industrial", afirma uma equipe internacional de cientistas, coordenada pela organização Global Carbon Project, em um estudo publicado na revista Environmental Research Letters. 

O metano (CH₄) é o segundo principal gás do efeito estufa vinculado à atividade humana, atrás do dióxido de carbono (CO₂)

De onde vem o gás metano?

Quase 40% do metano procede de fontes naturais, especialmente nas zonas úmidas, mas a maioria (quase 60%) está vinculada a atividades humanas como a agricultura (criação de ruminantes e cultivo de arroz), combustíveis fósseis e resíduos.

A sua capacidade de aquecimento é 80 vezes superior que a do CO₂, mas decompõe-se mais rapidamente, o que possibilita a redução de seu impacto.

O estudo mostra, no entanto, que as concentrações de metano na atmosfera – o metano emitido menos uma parte absorvida pelos solos e pelas reações químicas na atmosfera – aumentam de forma constante.

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Crescimento da emissão de metano

Na década de 2000, o aumento do metano na atmosfera foi de 6,1 milhões de toneladas por ano, em média, mas na década de 2010 disparou até 20,9 milhões de toneladas. Este crescimento acelerou ainda mais nos últimos anos, com níveis que não eram registrados desde a década de 1980.

"As emissões antrópicas (provocadas pelos seres humanos) seguiram aumentando em quase todos os países do mundo, com exceção da Europa e da Austrália, que apresentam uma trajetória de queda lenta", disse Pep Canadell, coautor do estudo e diretor-executivo do Global Carbon Project, com sede em Canberra, Austrália.

Os aumentos foram estimulados principalmente pelas emissões procedentes da mineração de carvão, da produção e uso de petróleo e gás, da criação de vacas e ovelhas, assim como da decomposição de alimentos e materiais orgânicos em aterros sanitários.