Morte de aves mudou polinização de flores do Caribe após furacão, diz estudo

O furacão Maria em 2017 causou estragos na região caribenha e danos a diversas espécies. Entre elas, beija-flores responsáveis pela polinização

O furacão Maria em 2017 causou estragos em Porto Rico e prejudicou a biodiversidade das regiões vizinhas. Na ilha de Dominica, onde ele começou, houve uma mudança no ciclo de reprodução das plantas, como mostra artigo publicado nesta sexta, 12, na revista científica New Phytologist.

Os pesquisadores observaram perdas significativas na população do beija-flor caribe-de-garganta-púrpura (Eulampis jugularis), um importante polinizador da ilha. Cerca de 75% das aves não sobreviveram.

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Quatro outras espécies de aves passaram a polinizar a ilha

As fêmeas da espécie do beija-flor eram as únicas a polinizar dois tipos de helicônias, flores comuns na região que refletem o tamanho e a curvatura do bico das aves. No entanto, em 2017, outras espécies também participaram do fenômeno, o que era incomum.

Cientistas do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças do Clima (CbioClima) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em parceria com universidades estrangeiras, acompanharam o processo de polinização das flores naquela região há cerca de 20 anos antes do furacão.

Eles concluíram que após o fenômeno de categoria cinco, outras quatro espécies de pássaros foram observadas visitando as flores estudadas.

Uma delas, a cambacica (Coereba flaveola) aumentou sua população e o peso corporal após o furacão Maria, sugerindo uma maior disponibilidade de recursos. Isso ocorreu porque, possivelmente, as helicônias não foram visitadas como antes pelos beija-flores caribe-de-garganta-púrpura.

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Pesquisadores temiam a extinção das helicônias

Segundo o ecólogo Fernando Gonçalves, da Universidade de Zurich, na Suíça, um dos autores brasileiros do trabalho, a relação entre o beija-flor caribe-de-garganta-púrpura e as helicônias era extremamente restrita.

Por conta disso, os pesquisadores temiam que a planta pudesse ser extinta. No entanto, após a descoberta, eles descobriram que o processo de extinção era mais complexo do que imaginavam.

A morte de três quartos dos beija-flores polinizadores acabou abrindo espaço para que outras espécies realizassem o mesmo trabalho. “Outros indivíduos podem dominar a polinização e ocupar o papel de espécies que diminuíram”, avalia.

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Polinização pode minimizar impactos de futuros furacões

Na região do Caribe, o ecossistema é importante para movimentar o turismo. As ilhas recebem pessoas do mundo todo o ano inteiro para ver os pássaros e apreciar a natureza. Assim, um furacão como o Maria também acabou afetando o local economicamente.

Gonçalves destaca que as mudanças na polinização podem afetar a restauração de florestas, que é capaz de resistir a fenômenos naturais como furacões.

“Esses pássaros dispersam sementes que ajudam na regeneração da floresta, polinizam flores que podem também ajudar nesse processo e, com isso, amortecer alguns impactos desses fenômenos naturais”, afirma o ecólogo.

Com os resultados, os cientistas pretendem avaliar os impactos de fenômenos naturais sobre o comportamento evolutivo de outras espécies. As mudanças no processo de polinização observado apontam novas perspectivas sobre o processo evolutivo.

Com informações da Agência Bori


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