China lança sonda espacial para explorar 'lado obscuro' da Lua
A missão deve durar cerca de dois meses e a sonda Chang'e-6 trará amostras de parte lunar praticamente inexplorada. Um dos objetivos é enviar astronautas à Lua em 2030
10:45 | Mai. 03, 2024
A China lançou uma missão lunar não tripulada nesta sexta-feira, 3, para coletar amostras de um lado da Lua ainda não explorado. Se a operação for bem-sucedida, será a primeira missão na história a trazer uma amostra da parte do satélite natural nunca vista pela Terra.
A missão se chama Chang'e-6, em homenagem à deusa chinesa da Lua. O foguete decolou às 17h27min, horário local, da base espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China.
Cerca de 32 minutos após o lançamento, a sonda separou-se do foguete e a missão prosseguiu para iniciar uma viagem de 5 dias até a Lua. A missão deve durar cerca de dois meses, conforme a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
Chang'e-6: que sabemos sobre o lançamento?
O lançamento contou com a presença de cientistas, diplomatas e funcionários de agências estatais de vários países. Eles incluíam França, Itália, Paquistão e a Agência Espacial Europeia.
Nenhum funcionário de organizações dos Estados Unidos estava presente conforme o informado pela DW. Isso porque a lei estadunidense proíbe a China de colaborar com a agência espacial do país, a Nasa, sem a aprovação explícita do Congresso.
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Chang'e-6 levará cerca de cinco dias para chegar à Lua. Lá, ela orbitará por cerca de 20 dias e fará uma breve estadia de 48 horas na superfície do satélite natural, escavando 2 quilos de amostras antes de retornar à Terra.
Após isso, a sonda chinesa passará semanas adicionais em órbita lunar, preparando-se para uma viagem de regresso de cinco dias à Terra. A missão durará cerca de 53 dias e a China continua a ser a única nação a enviar uma sonda para recolher materiais da outra metade da Lua.
Chang'e-6: por que explorar o outro lado da Lua?
Ao contrário da Terra, cuja erosão e mudança da crosta renovam constantemente a sua superfície, a Lua permanece congelada no tempo. Por isso, os cientistas buscam informações sobre sua origem e evolução estudando amostras de diferentes partes do satélite natural da Terra.
Até agora, os Estados Unidos, a antiga União Soviética e a China recolheram amostras apenas de um lado. O “lado oculto da Lua” tem uma crosta mais espessa e mais crateras. Ninguém sabe ao certo por que os dois lados do satélite são tão diferentes.
“O outro lado da lua é misterioso, talvez porque literalmente não podemos vê-lo, nunca o vimos, exceto com sondas robóticas ou com o pequeno número de humanos que estiveram no outro lado”, disse Neil Melville- Kenney, oficial técnico da Agência Espacial Europeia (ESA) que trabalha com pesquisadores chineses.
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Ambições espaciais da China para os próximos anos
China contou com muitos recursos investidos no programa espacial do país ao longo da última década. Com o retorno da Chang'e-6, a exploração lunar será voltada para "investigação, construção e utilização". As próximas duas missões já estão em desenvolvimento.
O Chang'e-7, com lançamento previsto para 2026, irá procurar água perto do polo sul lunar. A Chang'e-8 irá pesquisar material na mesma região que poderia ser usado para construir futuras infraestruturas, conforme a Administração Espacial Nacional da China.
Um dos objetivos principais é enviar astronautas à Lua em 2030 e trabalhar no estabelecimento de uma base permanente e internacional de investigação lunar até 2030.
A China conduziu a sua primeira missão espacial tripulada em 2003, tornando-se o terceiro país, depois da antiga União Soviética e dos EUA, a colocar uma pessoa no espaço utilizando os seus próprios recursos.
Com informações do DW