Poluição e ocupação humana são ameaças a peixes-boi, diz estudo
Pesquisadores acompanharam rotina de animais e descobriram que ambientes onde peixes-boi passam a maior parte do tempo sofre com lixo e intervenção humanaOs ambientes onde peixes-boi marinhos vivem estão ameaçados pela ação humana. A indicação é de um estudo brasileiro, publicado este mês na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências, por pesquisadores da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
Os cientistas acompanharam, de janeiro de 2017 a dezembro de 2019, a rotina de seis peixes-boi resgatados por órgãos ambientais, que passaram por reabilitação e foram devolvidos à natureza com rastreadores implantados. O objetivo do estudo era entender características dos locais preferidos pela espécie.
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Os animais estudados se estabeleceram nos estados da Paraíba, Sergipe e Bahia. Os peixes-boi costumam ser animais solitários, mas durante a temporada de acasalamento podem estabelecer pequenos grupos.
Tanto no período solitário quanto na época de acasalamento e durante a criação dos filhotes, os cientistas notaram uma preferência dos animais por locais com baixa profundidade da água. Eles também notaram que os peixes-boi sempre se localizam em áreas com abrigo - estuários, baías ou recifes de corais - e não em mar aberto.
Após entender os padrões migratórios, os cientistas visitaram as localidades mais frequentadas pelos peixes-boi. O objetivo era entender o ambiente, estudando, por exemplo, a composição química da água, o tipo de solo e a oferta de alimento.
Também foram analisadas a presença de lixo, ocupação humana e a frequência de barcos motorizados - uma das principais causas de morte de peixes-boi é o ferimento por hélices destes veículos.
Poluição e barcos são fatores de risco para peixes-boi
Em 44% dos locais pesquisados havia quantidade significativa de lixo. O material encontrado com mais frequência pelos cientistas foi plástico, mas também houve registros de vidro, borracha e metais.
Em 29% dos locais também havia ocupação humana. Os tamanhos variavam, indo de pequenas vilas de pescadores a grandes portos. Por fim, 38,8% das regiões pesquisadas registravam a presença de barcos motorizados.
Nas conclusões do estudo, os pesquisadores avaliaram que há uma série de ameaças aos peixes-boi - classificados como "criticamente em perigo", nível mais alarmante para espécies sob risco de extinção. Os elementos são diretamente ligados à ação humana.
A presença de ocupações humanas, em especial assentamentos maiores, como portos e cidades, reduz a quantidade de locais onde os peixes-boi podem permanecer. Nestes caso, a emissão de poluentes na água também é um perigo, caso não haja tratamento do esgoto e do lixo industrial. A maior frequência de embarcações motorizadas, por fim, pode aumentar o número de acidentes nestes locais.
A poluição, presente em todos os locais com ocupação humana, mas também em áreas isoladas visitadas pelos cientistas, é outro elemento de preocupação. Segundo os pesquisadores, o lixo pode ficar preso entre algas, principal alimento dos peixes-boi, e levar os animais à morte se ingerido.
Os cientistas também notaram uma redução significativa na oferta de alimentos, tendência que já havia sido indicada em estudos anteriores. Embora os pesquisadores não tenham estabelecido redução direta com a ação humana, a poluição impacta na capacidade de reprodução de algas e plantas aquáticas.
Fonte: Agência Bori
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