RS: cientistas fotografam gato-palheiro preto pela primeira vez

Felino selvagem está ameaçado de extinção e costuma ter pelagem marrom ou cinza. Também chamado de gato dos pampas, espécie tem menos de 100 animais vivos

09:05 | Jul. 28, 2023

Por: Bemfica de Oliva
Gato-palheiro, também chamado de gato dos pampas, é uma espécie com menos de cem indivíduos vivos; cientistas fotografaram exemplar preto do animal pela primeira vez (foto: Agência Bori)

Cientistas do Rio Grande do Sul fotografaram, pela primeira vez, um exemplar de gato-palheiro preto. A imagem rara foi realizada em São Borja, no Oeste do estado, e descrita em artigo na revista científica Biota Neotropica.

Também chamado de gato dos pampas, a espécie Leopardus pajeros vive em uma pequena região entre o Rio Grande do Sul, no Uruguai e parte da Argentina. São animais sob forte risco de extinção, com menos de cem indivíduos vivos.

Para obter a foto, os cientistas usaram as chamadas armadilhas fotográficas, que usam sensores de movimento e temperatura para detectar a presença de animais. Segundo os pesquisadores, foram necessários entre seis e nove dos equipamentos para conseguir o registro.

O gato-palheiro preto já havia sido observado por cientistas em 2021. No entanto, é a primeira vez que o animal é fotografado. Imagens de outros exemplares de L. pajeros já haviam sido registradas antes, mas na coloração habitual.

Gato-palheiro preto é resultado de mutação genética

A pelagem preta é resultado de uma mutação chamada melanismo. Como o nome indica, ela leva à produção excessiva de melanina em todo o corpo, resultando em animais de coloração muito escura.

O zoólogo Fábio Dias Mazim, da ONG Instituto Pró-Carnívoros, foi responsável pela foto. Ele afirma que a presença de melanismo no gato-palheiro pode ser relacionada ao perigo de desaparecimento da espécie.

"Talvez possa estar associado à endogamia [existência de uma espécie em apenas um lugar do planeta] ou enfraquecimento genético", diz ele. Mazim pondera que a pelagem preta pode ser relacionada a um cruzamento parental, quando macho e fêmea são da mesma ninhada, o que pode resultar em problemas genéticos.

Registro de gato dos pampas deve levar a mais estudos

A equipe de cientistas inclui, além da ONG, o Ibama e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Eles agora buscam conseguir outros registros do mesmo animal, ou de outros gatos dos pampas com a mesma coloração.

Para o futuro, também há o objetivo de realizar estudos genéticos, ecológicos e de saúde com os gatos palheiros. A expectativa é de promover conscientização sobre o animal para que sejam realizados projetos de conservação da espécie.

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Fonte: Agência Bori