Cometa aparece após 50 mil anos; veja onde observá-lo no Ceará

Fenômeno C/2022 E3 só poderá ser visto uma vez na vida por conta do seu nível de raridade

18:51 | Jan. 09, 2023

Por: Gabriel Gago
Há 50 mil anos, o C/2022 E3 (ZTF) visitou o interior do sistema solar e passou perto da Terra (foto: Dan Bartlett/NASA/AFP)

O cometa “C/2022 E3” visitará, após 50 mil anos, o céu do planeta Terra nesta próxima quinta-feira, 12 de janeiro. Descoberto em março de 2022 pelo telescópio Samuel-Oschin, do programa Zwicky Transient Facility (ZTF), o objeto espacial poderá ser visto, desta vez, sem a necessidade de telescópios ou equipamentos de ponta.

A última vez em que este evento foi realizado, a espécie neandertal ainda existia no globo terrestre. 

Isto se deve porque ele vem de uma região depois da órbita de Netuno, chamada nuvem de Oort. Para cientistas, o C/2022 E3 é um cometa de “longo período” e “raro de se observar", pois, muitas vezes, acabam se desintegrando durante a passagem próxima ao Sol.

Os astrônomos do Observatório Palomar, na Califórnia (EUA), calcularam a trajetória após meses de observação, e apontaram que o objeto atingirá o perigeu — ponto mais próximo ao Sol — no dia 12 de janeiro.

Para apreciá-lo a olho nu, é preciso que o céu esteja claro, não tenha poluição luminosa e o brilho da Lua não esteja forte.

No Ceará, "o céu costuma estar nublado nas madrugadas devido a brisa marítima", aponta o professor de Astronomia e colaborador da Seara da Ciência, Ednardo Rodrigues.

O profissional pondera que o Estado o receberá no dia 21, por volta das 1h30min, e ficará visível até o nascer do Sol, às 5h40min.

“Estamos no início do verão justamente quando começa a quadra chuvosa. O ideal é se afastar do litoral para vê-lo. A cidade de Quixadá é um bom lugar para observá-lo com uso de binóculo. Encontrá-lo não é fácil, e sua visualização, às vezes, só é possível com uma técnica de astrofotografia próxima à constelação de Hércules”, explica.

"Na última vez que ele passou, nós nem tínhamos inventado a escrita. E quem não o vir agora, não o verá novamente”, encerra.

Como o fenômeno acontece

As imagens mais recentes do "C/2022 E3" (ZTF) mostram um halo formado de gás e poeira que brilha ao seu redor em tom esverdeado. Quando um cometa se aproxima do Sol, o gelo em seu núcleo passa para o estado gasoso e libera uma longa cauda que reflete a luz do astro-rei.

Como todo cometa, o C/2022 possui uma longa cauda fina ao se aproximar do Sol. Sua coma ("cabeça") é redonda, mas pode aparecer uma segunda cauda ao se aproximar do Sol, tendo o formato similar ao de um alfinete.

Ao se aproximar do Sol, o cometa tem o brilho ofuscado pela luz diurna. O brilho vai se transformando de acordo com a angulação e proximidade com o sistema solar. Quando descoberto, o cometa brilhava em uma magnitude de 17,3. Em novembro, o índice caiu para 10, e cientistas estimam que possa chegar a 6.

Este brilhante fenômeno se inicia no Hemisfério Norte. À medida em que se aproxima, passa a ser visto no Hemisfério Sul, e segue para os limites do sistema solar.