Secretária que parou apresentação de quadrilha em Uruburetama é investigada
Titular da Secretaria de Turismo e Cultura do município interrompeu apresentação de uma quadrilha, no último domingo, 19, alegando ser "macumba"O Ministério Público do Ceará (MPCE) investiga o caso da secretária de Turismo e Cultura de Uruburetama, Fernanda Carneiro, que parou a apresentação de uma quadrilha alegando ser “macumba”. O episódio aconteceu no último domingo, 19, no município, localizado a 119 quilômetros de Fortaleza. Uma investigação também foi aberta pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) para apurar um possível crime de intolerância religiosa. A Delegacia de Uruburetama está à frente das investigações.
A promotoria de Justiça de Uruburetama deu prazo de dez dias, a contar desta quarta-feira, 22, para a Prefeitura e a titular da pasta prestarem esclarecimentos sobre o caso.
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O Código Penal prevê pena de um mês a um ano, ou multa, a qualquer pessoa que publicamente, por motivo de crença ou função religiosa, impeça ou perturbe as cerimônias ou prática de culto religioso e despreze publicamente ato ou objeto de culto religioso alheio.
Secretária chama apresentação de "macumba"
No último domingo, 19, durante apresentação da quadrilha Trem Maluco, a secretária de Turismo e Cultura do Município de Uruburetama, Fernanda Carneiro, interrompeu a apresentação alegando se tratar de “macumba”. O tema da quadrilha era sobre a história de vida de Santa Dulce dos Pobres, também conhecida como Irmã Dulce, da Bahia.
De acordo um dos organizadores do evento, que preferiu ficar em anonimato, ao observar que havia uma ala de baianas, a gestora mandou parar a apresentação. “Dizendo que era uma falta de respeito trazer 'macumba' para dentro de uma festa religiosa”, disse.
Ainda segundo o organizador, um dos integrantes da quadrilha tentou acalmá-la, mas sem sucesso. “Ela ficou dizendo que queria que parasse, pois quem mandava ali era ela”, relata.
Nas redes sociais, a quadrilha junina Trem Maluco publicou uma nota de repúdio às ações da secretária. "As religiões de matrizes africanas são parte da nossa história e da nossa cultura, precisamos entender e respeitar assim como qualquer outra prática, basta de toda ignorância e intolerância", afirmou o grupo.
A Prefeitura de Uruburetama também emitiu uma nota pedindo desculpas. Na publicação, a entidade solicita uma conversa com o grupo que faz parte da organização da quadrilha para “amenizar o desconforto entre as partes envolvidas direta e indiretamente”.