Homem desaparece em Uruburetama; esposa relata que companheiro apresentava "comportamentos estranhos"

Antônio de Pádua Gomes dos Santos, de 37 anos, vinha apresentando comportamento suspeito antes de desaparecer. No dia 9 de maio, o homem avisou para a família que ia pescar mas não voltou. Família cobra efetividade nas buscas

Atualizada dia 25/5/2020

No dia 9 de maio, Antônio de Pádua Gomes dos Santos, de 37 anos, avisava à família que sairia para pescar em uma região do município de Uruburetama, localizado a 119,5 quilômetros de Fortaleza, onde mora com a família. Desde então, ele está desaparecido e esposa, seu filho de 11 anos e pais idosos cobram por medidas de busca mais efetivas por parte da prefeitura. Ele foi encontrado neste domingo, dia 24, em uma fazenda onde passava a infância. Familiares informam que está tudo bem com ele.

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Segundo a esposa de Antônio, Gerlane do Nascimento, o marido vinha apresentando comportamentos suspeitos desde que a pandemia do novo coronavírus começou. Gerlane e parentes suspeitam de um "surto". "Com essa história do coronavírus, ele mudou. Ficava lavando aos mãos o tempo todo. Limpando tudo. Assistia demais os jornais. Eu sou manicure e quando chegava em casa ele nem deixava eu pegar na fechadura da porta direito. Borrifava uma mistura de água sanitária por onde a gente passava", descreve Gerlane. Desde o desaparecimento, há quase 12 dias, Antônio foi visto algumas vezes em distritos da Cidade. Testemunhas relatam que ele está sempre muito assustado e foge rapidamente.

O POVO consultou a psicóloga Alessandra Silva Xavier, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), com doutorado em Psicologia Clínica. Para a profissional, não há como realizar nenhum tipo de diagnóstico somente com essas informações sobre Antônio. "As pessoas saem de casa por muitos motivos. Isso é a interpretação que a família está dando. Ficar no quadro especulativo pode ser até um desserviço", argumenta.

De acordo com Alessandra, é possível que uma pessoa entre em uma "descompensação psíquica" que a faça sair de casa. No entanto, somente um acompanhamento contínuo e próximo ao paciente pode resultar em uma análise justa de seu estado. "É sempre importante falar sobre saúde mental. E também é importante que a gente não coloque as questões da saúde mental relacionadas ao estigma da figura do 'doido', o 'perigoso'. Não devemos reforçar esses estereótipos", reforça a psicóloga.

Para ela, as relações familiares podem sim sofrer modificações devido contexto de pandemia e isolamento social, mas somente um acompanhamento regular deve tratar o caso de forma correta.

Antônio foi visto após desaparecimento

Um dos moradores de Uruburetama que viu Antônio até tentou trazê-lo para casa, mas ele pulou da motocicleta. "A última vez que viram ele foi na madrugada de hoje (quarta-feira, 20), perto das 3 horas. Acho que o fato de ele estar desempregado e essa história do coronavírus contaram para tudo isso", desabafa Gerlane.

Conhecido pelo apelido de "Derozo" na região, Antônio costumava pescar, segundo a esposa. O pai, idoso, tem se arriscado procurando o filho no matagal da cidade e região. Segundo Gerlane, a prefeitura tem dado pouco suporte à busca de Antônio. Só depois de 6 dias de desaparecido o Corpo de Bombeiros da cidade iniciou a procura. Apesar de ter feito o Boletim de Ocorrência (B.O), Gerlane cobra mais esforços por parte das autoridades de Uruburetama. "Nós da família: irmão, pai, amigos, que estamos fazendo as buscas", denuncia.

Antônio saiu para pescar no sábado, mas não chegou a realizar a atividade. De acordo com Gerlane, ele foi à casa de uma tia e deixou sua motocicleta na casa dela. Embriagado, ainda passou pela casa de outro primo antes de desaparecer. "A gente começou a estranhar ele não ter voltado no domingo. Pensei que ele tinha dormindo na casa dos primos. Começaram a procurar ele ainda de madrugada. Na segunda-feira, espalhei fotos dele na Internet e gravei um vídeo desesperada", relata Gerlane do Nascimento.

O POVO entrou em contato com a prefeitura de Uruburetama. Gustavo Coelho, chefe do Gabinete do Prefeito, informou que o procedimento adotado pelo município se deu nos seguintes passos: secretaria de Ação Social de Uruburetama contatou Corpo de Bombeiros do município de Itapipoca, que fizeram buscas sem sucessos. Após essa tentativa, retornaram com a ajuda de cães farejadores, também sem pistas.

Gustavo comentou sobre o quadro psicológico de Antônio e reforçou que pessoas do município também ajudam nas buscas. "Por três vezes a prefeitura chamou o Corpo de Bombeiros que esteve aqui, mas esse rapaz ainda não foi localizado", acrescentou o chefe do gabinete. Ainda conforme a gestão, "a prefeitura tem envidado continuamente todos os esforços possíveis na busca desse senhor".

Serviço
Qualquer informação sobre Antônio de Pádua (Derozo), entrar em contato com os números:
(88) 9 9322 0316
(88) 9 9440 9625


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