Prefeito afastado de Uruburetama se apresenta à Polícia ainda hoje, diz advogado
O MPCE informou que se fundamenta no fato de que, mesmo afastado das funções de prefeito e médico, José Hilson de Paiva é considerado influente no município e no meio político estadual
12:00 | Jul. 19, 2019
O juiz José Cléber Moura do Nascimento, titular da Comarca de Uruburetama, acatou o pedido de prisão impetrado pelo Ministério Publico do Ceará (MPCE) contra o prefeito afastado do município, José Hilson Paiva. Além da prisão preventiva, a Polícia Civil deve cumprir dois mandados de busca e apreensão contra dois imóveis do político, um em Fortaleza e outro em Uruburetama.
Computadores, celulares, tablets, HDs, pen-drives, CDs, DVDs, prescrições, agendas de consultas e receituários devem ser levados pelos agentes. Os materiais ficarão armazenados em depósito em Fortaleza, já que no município onde os supostos crimes ocorreram não teria depósitos judiciários.
Até o meio-dia desta sexta-feira, 19, nem a família nem a defesa haviam sido notificados da decisão. "Respeitamos a decisão judicial, mas é inusitado porque está se decretando a prisão de quem se colocou à disposição da Justiça e nem sequer teve a oportunidade de prestar depoimento com relação a delitos que possivelmente já tenham entrado em decadência do direito", ponderou Leandro Vasques, advogado do prefeito afastado.
Segundo ele, Hilson Paiva deve se apresentar ainda na tarde desta sexta-feira às autoridades. "Antes mesmo de sermos oficialmente notificados, já vou providenciar (a apresentação)", disse Vasques.
Decisão
Na decisão, o juiz recorre ao depoimento de pelo menos duas vítimas. Uma delas conta que "foi atendida pelo médico Hilson na sua clínica em Uruburetama pela primeira vez há aproximadamente sete anos. Naquela ocasião, procurou o ginecologista pois queria muito engravidar, que foi a primeira que foi ao ginecologista, por isso não tinha conhecimento de como um ginecologista agia em um exame (...) Que pediu para fazer oral nele, porém ela disse que não conseguiria. O médico na ocasião disse que se ela quisesse engravidar teria de fazer os procedimentos necessários".
A outra vítima não sabe precisar o ano em que se consultou com o médico pela primeira vez. "O médico lhe disse que ela estava com inflamação e precisava de umas aplicações. Ele mandou que ela tirasse a roupa e o médico não ofereceu nenhuma batinha para que ela vestisse, teve que ficar completamente nua, que o médico mandava ela deitar e ele passava muito tempo pegando em seus seios, que achava estranho, porém ele era um médico conhecido e respeitado na cidade". A decisão afirma ainda que os supostos abusos sexuais foram praticados contra pelo menos 18 vítimas.
Em nota enviada à imprensa, o MPCE informou que se fundamenta no fato de que, mesmo afastado das funções de prefeito e médico, José Hilson de Paiva é considerado influente no município e no meio político estadual, sendo capaz de, diretamente ou por interpostas pessoas, coagir, constranger, ameaçar, corromper, enfim, praticar atos tendentes a comprometer a investigação do Ministério Público e da Polícia Civil.