Repercussão nacional de denúncias de estupro ajudou a "agilizar" trabalho investigativo, diz promotor
De acordo com o promotor Francisco Câmara, investigações eram feitas desde março do ano passado, após um vídeo onde o médico aparece tendo relações sexuais com uma mulher começar a circular entre os moradores da CidadeAs denúncias de abuso sexual envolvendo José Hilson Paiva, prefeito afastado de Uruburetama, já vinham sendo investigadas pelo Ministério Público do Estado (MPCE), que traçava uma linha de investigação desde março do ano passado, após circular um vídeo onde o médico aparece tendo relações sexuais com uma mulher em seu consultório. Na época, quatro mulheres procuraram as autoridades afirmando também terem sido vítimas do político. As informações são do promotor Francisco Câmara.
Para ele, o que diferencia as denúncias de março de 2018 em relação às mais recentes são as circunstâncias, já que a veiculação parcial das cenas de abuso feita pela TV Globo no último domingo, 14, contribuiu para "agilizar" o trabalho de entidades que não estavam envolvidas no caso, como o Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec), que optou por afastar o médico do cargo. Além disso, após a repercussão nacional do caso, José Hilson foi afastado da função de prefeito. As primeiras denúncias de abusos sexuais são relativas aos anos 1990.
"Diante deste novo fato, no caso novas denúncias e vídeos, o trabalho do Ministério Público tem sido facilitado", afirmou. Segundo o promotor, o MP está "agindo e atuando de acordo com suas possibilidades". A equipe envolvida na investigação, no momento, trabalha na coleta de provas e depoimento de novas vítimas.
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Assine"Estamos seguindo pela linha de que existem vítimas, pelos vídeos que foram coletados e pelo que foi divulgado na imprensa. Através desse trabalho será verificada a sua amplitude", disse ele, se referindo à possibilidade de existirem mais pessoas envolvidas nos crimes.
Assistência às vítimas
Nesta quarta-feira, 16, a Secretaria da Cidadania e Direitos Humanos do Estado encaminhou para Uruburetama duas assistentes sociais e uma psicóloga para auxiliar no tratamento das vítimas e nas investigações. "É muito difícil para elas contar, reviver e fazer o que a gente chama de revitimizar. Então a gente veio fazer esse primeiro contato e planejar o futuro, porque a gente não pode vir só hoje e depois abandonar", disse Lia Gomes, secretária-executiva da pasta.
"Nossa intenção hoje é ir muito devagar. Estabelecer um primeiro contato, uma ponte para que elas possam realmente denunciar. Nossa intenção é acompanhar de perto, fazer essa ponte e trazer confiança", afirmou.
Já a presidente da Comissão da Mulher Advogada, Cristiane Leitai, informou que a OAB está trabalhando de perto e acompanhando todas as entidades que estão fazendo esse acolhimento das vítimas. "Nós vamos trabalhar com a subseção de Itapipoca e de lá vamos juntos com a Secretaria de Proteção Social. As mulheres serão atendidas em Itapipoca e vai ser criada uma rede de proteção especial, com uma equipe multidisciplinar para apoio às vítimas. Ao final, a Defensoria Pública vai atuar e nós vamos ficar atentos no monitoramento da condução desse processo", disse.
"A gente tem consciência que uma mulher quando é abusada sexualmente ela não quer falar, ela trava. Nesse sentido, nós faremos grupos para ir acolhendo e conversando. Nós não temos pressa. Quem tem que ter pressa é a Justiça", frisou Mônica Barroso, defensora pública.
Com informações do repórter Isaac de Oliveira, enviado a Uruburetama
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