Baleia encalhada no Trairi, da espécie cachalote, é enterrada nesta terça, 24

Não foi possível realizar a necropsia da baleia, devido ao avançado estágio de decomposição da carcaça. Registros fotográficos, biometria parcial e coleta de amostras foram procedimentos feitos por especialistas da ONG Aquasis

22:04 | Mai. 24, 2022

Por: Leonardo Maia
A baleia foi enterrada com auxílio de um trator da gestão municipal (foto: Andressa Fraga/Acervo Aquasis)

A baleia que ficou encalhada entre as praias de Flecheiras e Guajiru, no município de Trairi, foi enterrada na areia no fim da tarde desta terça-feira, 24, por uma equipe da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), que promove ações de conservação em prol de espécies ameaçadas de extinção no estado do Ceará. O animal foi enterrado em uma vala na faixa de areia onde a maré não baixa e foram colhidas amostras para estudos, de acordo com informações da gestão municipal.

A bióloga Letícia Gonçalves Pereira, coordenadora de Resgate de Mamíferos Marinhos da ONG Aquasis, explica que a baleia encontrada trata-se de um exemplar juvenil de cachalote (Physeter macrocephalus), de aproximadamente 10 metros e sexo indefinido. No local, foram realizados registros fotográficos, biometria parcial e coleta de algumas amostras. O avançado estágio de decomposição da carcaça, no entanto, não permitiu a realização da necropsia e a investigação da causa que determinou a morte.

Após os registros e coleta de amostras, o animal foi enterrado próximo ao local de encalhe por volta das 16h45min, com auxílio de um trator articulado pela Secretaria de Meio Ambiente do Trairi. As orientações para o procedimento foram dadas por técnicas da equipe de resgate da Aquasis: as biólogas Andressa Fraga, Cinthya Leite e a médica veterinária Marina Kneipp.

Letícia aponta que há a possibilidade de águas oceânicas próximas ao Estado serem uma área de nascimento de filhotes da espécie, já que a ONG já realizou registro de filhotes neonatos na costa cearense. “A anatomia do animal é bem marcante, o que facilita sua identificação ainda que em carcaças já com avançado estado de decomposição”, explica a bióloga. Esse é o primeiro registro de encalhe de cachalote em 2022, enquanto o anterior havia sido registrado em 2020.

Conforme o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, publicado em 2018 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a espécie está classificada como Vulnerável (VU). A definição considera que o animal está enfrentando um “risco alto” de extinção na natureza. Em relação às características, os machos da espécie podem chegar a 18 metros e pesar 57 toneladas, enquanto as fêmeas não ultrapassam os 12 metros. Sua coloração varia de preta a marrom, com regiões brancas ao redor da boca.

Gláucia Sena, diretora geral da Autarquia de Meio Ambiente de Trairi, solicita que as pessoas comuniquem os órgãos competentes sempre que encontrarem golfinhos, baleias e tartarugas nas praias. “Aqui no Trairi, o comunicado deve ser feito à Autarquia de Meio Ambiente, que repassa a informação para os demais órgãos responsáveis”, aponta.