Chefe de facção criminosa decretou morte de crianças em Sobral

Chefe de facção criminosa decretou morte de crianças em Sobral

Mesmo refugiado no Rio de Janeiro, Álvaro Luiz Timbó Martins, o "2M" ou "M2" continuou a dar ordens no Comando Vermelho de Sobral através, sobretudo, das redes sociais

Um dos principais chefes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) de Sobral (Região Norte do Estado) é investigado pela Polícia Civil por decretar a morte de diversas pessoas, incluindo crianças. Os “decretos” foram compartilhados por Álvaro Luiz Timbó Martins, conhecido como 2M ou M2, de 26 anos, no próprio perfil dele no Instagram.

O POVO teve acesso a um relatório de inteligência elaborado pela Polícia Civil que discorre sobre as atividades criminosas de Álvaro Luiz. No Relatório Técnico nº 001/2025/NAI/7ªDRPC/PCCE, foram colecionados diversos prints que registram as ameaças feitas na conta.

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No dia 10 de janeiro deste ano, Álvaro compartilhou diversos stories com ameaças de mortes. Em um deles, constava a foto de um menino, que estava com as mãos amarradas e aparentava estar chorando. A publicação diz que o CV “tinha tirado mais uma criança do crime”.

“Ficou vivo foi orientado a sair do crime e a estuda” (Sic), escreveu Álvaro. “Nois trabalha com u certo na logica. Ta vivo pra todos ver como agente ta trabalhando”. Em outro stories, porém, a foto de três crianças foi postada com o texto “Decretados pelo CV Crianças envolvida” (Sic).

Em uma outra ocasião, Álvaro publicou um “salve” que proibia a circulação de moradores de bairros dominados pelas facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Massa em bairros com atuação do CV. “Até ser resolvido e finalizada a guerra”, diz o salve, nem mesmo mototaxistas e motoristas por aplicativo poderiam frequentar os territórios dominados pelo CV.

Esses “salves” foram feitos no contexto de uma tentativa de invasão, por parte do CV, do Residencial Nova Caiçara, onde age o grupo criminosos denominado “Irmãos Coragem”, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Ainda de acordo com o Relatório da Polícia Civil, entre 14 e 21 de janeiro, 14 ocorrências foram registradas no residencial, incluindo homicídios, lesões à bala e disparos de arma de fogo.

Como O POVO mostrou em 21 de janeiro, um homem foi morto no Nova Caiçara e teve o corpo incendiado por criminosos. Quatro suspeitos de envolvimento no crime foram presos em flagrante pela Polícia Militar.

Já no dia 16 de janeiro, criminosos invadiram um apartamento do residencial durante a madrugada e assassinaram Francisco Maycon Douglas Carvalho Sales, de 27 anos. Pela manhã Álvaro publicou uma matéria sobre o crime e comentou que a vítima era integrante do PCC.

No mesmo dia, ele publicou uma outra matéria e disse que membros do PCC teriam matado um inocente, em retaliação às mortes no Caiçara. Essa vítima foi identificada como Claudemir Teotônio Braga, de 49 anos.

Em 17 de janeiro, Álvaro afirmou que o PCC havia tomado apartamentos de moradores do Nova Caiçara e, por isso, ele disse que o CV, ao "conquistar a região", devolveria as moradias para pessoas que tivessem documentos que comprovem ser as verdadeiras donas.

Por outro lado, em uma outra postagem, o faccionado afirmou que, "Dependendo do (que) os PCC fizer", o CV iria expulsar do residencial familiares de integrantes da facção.

Acusado de chefiar facção em Sobral se esconde no RJ

Conforme a Polícia Civil, Álvaro está escondido na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), e, de lá, envia ordens para os integrantes do CV de Sobral.

“Álvaro Luiz possui verdadeira obsessão pelo território vizinho (Caiçara) e tenta desde 2022 invadir o local, inclusive o Inquérito Policial nº 553-728/2022, explorou tal caso e deflagrou a Operação Invasão, obtendo ordem judicial de prisão para o criminoso e aliados”, afirma o Relatório Técnico nº 001/2025/NAI/7ªDRPC/PCCE.

“Na época, pessoas de confiança de Álvaro foram presas, mas o mentor e principal responsável, aproveita-se da territorialidade dominada pelo crime organizado no Rio de Janeiro, para permanecer no comando e causando terror e pânico no município de Sobral”.

Como O POVO mostrou no último dia 8 de março, as comunidades do Rio de Janeiro se tornaram o destino mais procurado pelos criminosos cearenses para se esconder. Estimativas das Forças de Segurança do Estado indicam que, pelo menos, 40 faccionados cearenses estão refugiados no Rio. Para tanto, eles pagariam aos criminosos locais valores que chegam a R$ 100 mil. (Com informações de Cláudio Ribeiro)

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