Tragédia em Sobral: Adolescente não contou para pais que sofria bullying

Jovem atirou em três colegas na escola nesta quarta-feira. Dono da arma usada no ataque teria respondido por ameaça

O dia depois da tragédia na escola estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes, em Sobral, a 234km de Fortaleza, foi marcada pela tomada de depoimentos na Delegacia Regional da Polícia Civil, acolhimento às duas vítimas do ataque e preocupação com o estado delicado de saúde do terceiro adolescente ferido gravemente no crânio e no cérebro. Operado às pressas, ele permanece internado na UTI pediátrica da Santa Casa sobralense.

O inquérito policial e o Ministério Público estão atrás de responder como a arma de um colecionador, atirador desportista ou caçador (CAC) foi parar nas mãos de um adolescente de 15 anos, estudante da 1ª série do ensino médio de uma escola de tempo integral do Estado. O jovem atirou em três colegas.

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Depois de atirar contra três colegas de escola, por volta das 10 horas da manhã da quarta-feira, 5, o adolescente foi para casa. Uma residência localizada a poucas ruas do local do ataque a tiros.

Em casa, a mãe do garoto estranhou o retorno prematuro do filho, ao final da manhã. Por ser de tempo integral, a escola estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes recebe os alunos às 7 da manhã e os libera no fim da tarde.

Questionado sobre o motivo do retorno tão cedo da escola, o adolescente teria respondido para a mãe que haviam ocorrido “tiros” no colégio. Teria mencionado o acontecido, mas não informou que havia efetuado os disparos, nem que teria atirado porque sofria bullying no ambiente escolar.

Os pais só souberam do envolvimento do filho no ataque depois que policiais militares e civis chegaram à mercearia da família e apreenderam o garoto. Eles levaram, também, computadores, telefone celular e outros materiais.

Segundo uma vizinha, que estava trabalhando da mercearia na ausência dos pais do garoto, pai e mãe teriam ficado surpresos com o ato do adolescente. “Ele é um menino bom, ajudava o pai no comércio, era calado e vivia da escola pra casa. Tão calado que nunca disse pra mãe que sofria bullying. Ela me disse que teria tirado ele da escola”, contou a amiga da família.

Na escola, segundo relato de uma aluna, o adolescente chamaria a atenção por dormir durante as aulas. Por causa do sono, alguns estudantes o chamavam de “morto”. O estudante, segundo a vizinha, costumava “passar a noite jogando” jogos eletrônicos. “A mãe reclamava”. 

Origem da arma usada na tragédia de Sobral

O revólver utilizado por um estudante para atingir três alunos na escola estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes está registrada no nome de A. F. S.. Um CAC. A sigla, comum no glossário armamentista do principal governante do País — o presidente Jair Bolsonaro (PL) —, significa “colecionador, atirador desportista ou caçador”.

Apesar de estar registrada no nome do atirador A.F.S., a arma estaria na posse do tio do aluno apreendido por causa do ataque. Na manhã dessa quarta-feira, 5, horas depois da ocorrência, fontes policiais chegaram a divulgar que o revólver pertencia ao pai do garoto que atirou nos colegas, na hora do recreio.

O POVO foi à casa de A.F.S., no bairro Nova Brasília, mas o CAC não morava mais no endereço. O POVO também entrou em contato com ele, por telefone, mas as ligações para o celular sempre caíram na caixa postal.

O atirador desportista, de acordo com informações levantados pelo O POVO na Justiça do Ceará, teria sofrido uma ameaça em 2007. Dez anos depois, foi teria sido acusado pelo mesmo delito que o teria vitimizado. Os dois casos foram arquivados. (Colaborou Lucas Barbosa)

 

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