Garoto que atirou contra três colegas "dormia durante as aulas"

Adolescente agressor sofreria bullying por dormir na escola e ser chamado de "morto" por colegas da instituição de tempo integral do Estado

21:57 | Out. 05, 2022

Por: Demitri Túlio
Em Sobral, um estudante entrou em uma escola armado e atirou em três colegas de sala (foto: THAÍS MESQUITA)

O estudante de 15 anos que atirou e atingiu três alunos na escola Professora Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré, em Sobral, no Ceará, não teria histórico de violência no colégio estadual onde ocorreu o ataque. O garoto, segundo uma aluna do mesmo ano do agressor, é uma pessoa “calma, calada e que passa a maior parte do tempo dormindo na hora das aulas. Era direto na dele, só dormia”.

O adolescente feriu três colegas depois de entrar com um revólver na instituição de ensino médio. Um continua gravemente ferido na UTI pediátrica da Santa Casa do município da região Norte, e os outros dois foram medicados e receberam alta.

Em conversa com O POVO, uma estudante do mesmo ano do agressor e das vítimas – o 1º do ensino médio, contou que o adolescente armado era “amigo ou falava normalmente com os dois meninos que foram atingidos na cabeça” pelos tiros. De acordo com a aluna, o terceiro estudante – ferido na perna – não teria proximidade com o atirador.

O menino que efetuou os disparos, relata a estudante, era chamado de “morto” por dormir demais na sala de aula. “Talvez por isso, ele tenha dito que sofria bullying. Antes dos tiros, os pais dele foram chamados pela diretoria da escola para falarem sobre o sono na escola”, afirma a garota.

Segundo a aluna, o adolescente agressor atirou contra os colegas por volta das 10 horas da manhã de ontem, 5/10. Era hora do intervalo na escola de tempo integral gerida pela Secretaria da Educação do Ceará (Seduc). “O que levou o tiro na cabeça estava sentado numa cadeira, desacordado e respirando ruim. Os outros dois correram para o banheiro”.

Foi o tempo, segundo a adolescente, para se formar um corre corre com gritaria e alvoroço. Tempo também para o vigia abrir o cadeado do portão da escola e “todo mundo sair correndo”.

Os três estudantes foram socorridos por três viaturas do Samu e, minutos depois, policiais militares apreenderam o garoto que efetuou os disparos. Ele estava em casa, no bairro Sumaré.

Na delegacia Regional da Polícia Civil, em Sobral, o adolescente afirmou que teria premeditado o ataque porque contra os três colegas de escola porque sofria bullying no ambiente escolar. O depoimento do garoto foi confirmado por Sandro Caron, secretário da Segurança Pública do Ceará, que acompanhou de Fortaleza os desdobramentos do caso.

De acordo com o major Messias Mendes, comandante do Comando de Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac) da Polícia Militar do Ceará, a arma utilizada na tentativa de homicídio estava na posse do pai do adolescente agressor.

Porém, segundo informações da Delegacia Regional da Polícia Civil, em Sobral, o armamento utilizado pelo menino estaria no nome de um CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador).

O pai do adolescente atirador e o homem que possui o registro de CAC prestaram depoimentos na manhã de ontem, na Delegacia Regional de Sobral.

A Polícia Civil ainda não revelou por qual motivo o armamento estava na casa do estudante que atirou nos colegas de escola. Na residência do garoto, que foi apreendido depois dos disparos, foram recolhidos computadores e outras mídias. A Polícia investiga se uma terceira pessoa teria estimulado o ataque como “vingança”.

Atualizada às 11h08 de 06/10/2022