São João do Jaguaribe, no Ceará, é município com maior taxa média de mortes violentas

O Ceará é a quarta federação com maior taxa média de mortes em 2021, e Fortaleza é a sexta capital com maior índice, conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública

19:43 | Jun. 28, 2022

Por: Leonardo Maia
Foto de apoio ilustrativo (foto: Aurélio Alves/O POVO)

O município cearense de São João do Jaguaribe, localizado a 221,6 quilômetros de Fortaleza, é a cidade brasileira com maior taxa média de mortes violentas intencionais entre os anos de 2019 e 2021, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, documento divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta terça-feira, 28. Com população aproximada de 7,5 mil pessoas, o município registrou taxa de 224 mortes por 100 mil habitantes.

O Estado ainda tem três municípios entre os 30 do País com as maiores taxas médias: Guaiúba (8º), Chorozinho (13º) e Ibicuitinga (27º). Entre as capitais, Fortaleza é a sexta com a maior taxa média, com índice de 34,6 mortes violentas por 100 mil habitantes, considerando o mesmo período. Já entre as federações, o Ceará é o quarto estado com maior taxa média de mortes em 2021 e crescimento de 14% no índice desde 2011.

As mortes violentas intencionais consideram tanto os homicídios dolosos quanto os latrocínios, as mortes decorrentes de intervenções policiais e as lesões corporais seguidas de morte.

Em relação aos crimes de roubo ou furto de veículos, o Ceará ocupa a 15ª pior colocação entre as federações brasileiras em 2021, com média de 337,5 delitos a cada 100 mil veículos. O número apresentou um recuo de cerca de 10% em relação ao ano de 2020, quando os roubos atingiram 12,8 mil crimes em números absolutos. O pior índice do País é registrado no Rio de Janeiro, com taxa superior a 530 por 100 mil habitantes.

A população cearense LGBTQIA+, em números absolutos, foi a primeira do País que mais sofreu homicídios dolosos (com intenção de matar) e a terceira com maior número de estupros — atrás de Pernambuco e Goiás. Nessa categoria de dados, contudo, parte significativa das federações deixou de informar os dados solicitados: 10 não informaram o número de homicídios dolosos e 12 não contabilizaram as estatísticas de estupro.

Mortes violentas intencionais caem 6,5% nacionalmente, aponta Anuário

Em números absolutos, as notificações de mortes violentas intencionais passaram de 50.448 mortes em 2020 para 47.503 no Brasil no ano passado, representando queda de 6,5% e patamar mais baixo desde 2011, quando elas atingiram 47.215. Desde então, o maior patamar registrado foi em 2017, com 64.078 mortes. Em 76% dos casos ocorridos no ano passado, as mortes intencionais foram provocadas por armas de fogo.

Todas as regiões do País apresentaram queda no indicador, com exceção da Região Norte, onde elas passaram de 5.758 notificações em 2020 para 6.291 no ano passado, com aumento no Pará, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima. Também foi registrado aumento absoluto em dois outros estados brasileiros: Bahia e Piauí.

Segundo o anuário, apesar da melhoria no indicador, o Brasil ainda convive com violência extrema, sendo responsável por um em cada cinco homicídios que ocorrem no mundo (20,4% do total). A maior parte das vítimas dessas mortes violentas e intencionais no País é negra (77,9%), do sexo masculino (91,3%) e jovem entre 12 e 29 anos (50% do total).

De acordo com o balanço, 13 das cidades mais violentas do País fazem parte da Amazônia Legal, onde a taxa de violência letal foi 38% superior à média nacional: no Brasil, essa taxa é de 22,3 mortes violentas intencionais a cada 100 mil habitantes, enquanto na Amazônia Legal figura em 30,9 mortes a cada 100 mil habitantes.

Após São João do Jaguaribe, os maiores índices foram registrados em Jacareacanga (PA), Aurelino Leal (BA), Santa Luzia D’Oeste (RO), São Felipe D’Oeste (RO) e Floresta do Araguaia (PA).

Nacionalmente, os crimes de estupro contra a população LGBTQIA+ cresceram 88,4% entre os anos de 2020 e 2021. Em números absolutos, o registro dos estupros passou de 95 notificações em 2020 para 179 no ano passado. O número real de casos, no entanto, deve ser ainda maior devido a subnotificação, pois foram computadas apenas as informações fornecidas pelas secretarias de Segurança Pública estaduais e pelas polícias. (Com Agência Brasil)

Atualizada às 20h39min