PMs envolvidos em tiroteio no Ceará que matou adolescente são afastados das funções

Um Conselho de Disciplina foi instaurado para investigar a conduta dos agentes; policiais ficarão impedidos de atuar por 120 dias, período em que serão apurados os fatos

11:56 | Jan. 15, 2024

Por: Cotidiano O POVO
Foto de apoio ilustrativo (sede da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública) (foto: Aurelio Alves/ O POVO)

Quatro policiais militares envolvidos no tiroteio que vitimou o jovem Pedro Kauã Moreira Ferraz, 15, em novembro do ano passado, no município de São Gonçalo do Amarante, a 62 km de Fortaleza, foram afastados preventivamente das funções na Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE). A decisão foi publicada na última quinta-feira, 11, no Diário Oficial do Estado, e prevê exclusão por 120 dias.

Os policiais são investigados por supostamente não terem prestado socorro ao jovem, ferido em uma troca de tiros durante a prisão de dois suspeitos de tráfico de drogas, no dia 27 de novembro de 2023.

Naquela noite, Kauã estava correndo para buscar um cavalo que havia fugido quando foi atingido pelos disparos.

Um procedimento disciplinar foi instaurado ainda no mês de novembro pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). A decisão de afastamento, conforme o órgão, é para averiguar se a conduta deles teria colaborado para a morte do adolescente.

“Segundo os vídeos acostados aos autos e declarações das testemunhas e de alguns dos investigados, supostamente os policiais militares envolvidos na ocorrência deixaram de prestar o devido socorro à vítima, que havia sido atingido por disparo de arma de fogo e foi a óbito”, diz a portaria.

Durante o período, serão conduzidas investigações para definir a resposta aos atos que, segundo a CGD, seriam “incompatíveis com a função pública, além de ser necessário à garantia da ordem pública e à correta aplicação da sanção disciplinar”.

À época, a família do jovem afirmou que ele foi levado ao hospital por meios próprios, sem nenhum auxílio dos policiais. Segundo os parentes de Kauã, apesar de negar socorro, um dos policiais teria pegado o celular do jovem, que caiu no chão após ele ser baleado.

Após o caso, a PMCE informou que os policiais estavam em ocorrência e que após troca de tiros com criminosos foram informados de que um garoto havia sido baleado. O projétil foi apreendido e enviado à Perícia Forense.

Questionada pelo O POVO, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou que o inquérito segue sob segredo de justiça e que detalhes da investigação não podem ser revelados.

O POVO não publica o nome dos agentes afastados pois a investigação ainda está em andamento.