Cidade de Santa Quitéria se esvazia no primeiro dia de lockdown
Segunda cidade no Ceará a decretar lockdown, Santa Quitéria tem ruas vazias e quase todo o comércio fechado
Na avenida mais movimentada do Centro de Santa Quitéria, município no interior do Estado, distante 229,2 km de Fortaleza, apenas o entregador empoleirado na moto era visto zanzando entre endereços na noite desta quinta-feira, 25. Sob lockdown desde a meia-noite da quarta-feira, 24, após agravamento da pandemia, é como se a cidade tivesse sido evacuada às pressas.
“Acho que agora as pessoas estão realmente com medo”, diz Daiane Siqueira, educadora física. “Não saio de casa desde o Natal, a não ser quando é para fazer um exercício”, fala e aponta o entorno da igreja matriz do município, vazio àquela hora.
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Num dia comum, as calçadas estariam cheias de vendedores de pipoca e picolé e as esquinas, repletas de adolescentes. Nesta quinta, porém, os quiterenses tinham se recolhido mais cedo.
“É como se a Covid tivesse chegado mais perto da gente”, responde a cozinheira Joelma Santana. Para ela, o lockdown, pela primeira vez decretado pela Prefeitura e não pelo Governo do Estado, é uma medida necessária.
“Se as pessoas forem iguais a mim, estão felizes com o lockdown. Estamos sabendo que cada vez mais gente está contaminada na cidade”, explica.
Nas últimas semanas, mesmo com crescimento do número de casos, moradores de Santa Quitéria ainda promoviam festas clandestinas, conforme relatos de pessoas ouvidas pelo O POVO.
O quadro levou o gestor do Executivo municipal, José Braga Barrozo, o "Braguinha", a decretar a suspensão das atividades até o dia 4 de março, quando a medida será reavaliada.
Empresário do ramo de restaurantes, Ernane Sampaio, 30, lamento as dificuldades para os negócios, mas entende que o enfrentamento contra pandemia requer ações mais efetivas. “Acho até que demorou a fechar, porque já estava muito ruim”, avalia.
Da equipe contratada pelo estabelecimento, metade tinha sido dispensada para ficar em casa nesta semana. A outra metade dava expediente no delivery, cujo telefone não parava de tocar à medida que a noite ia caindo. “A gente espera que as pessoas cumpram o decreto mesmo. Estamos com medo aqui”, desabafa o empresário.