Acusado de envolvimento com facção, prefeito reeleito de Santa Quitéria é preso antes da posse
Mandado de prisão preventiva contra José Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), foi cumprido instantes antes dele tomar posse do cargo. Busca e apreensão também decretadaJosé Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), prefeito reeleito de Santa Quitéria (município do Sertão dos Crateús), foi preso na tarde desta quarta-feira, 1º, instantes antes de tomar posse do cargo.
A prisão se deu em cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE). Além da prisão, também foi decretada ordem de busca e apreensão na casa do prefeito, que foi conduzido a Fortaleza.
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O POVO apurou que, ao todo, foram quatro mandados de prisão preventiva expedidos pelo TRE. Dois deles, incluindo o que tinha como alvo o prefeito eleito, foram cumpridos na tarde desta quarta, enquanto as duas outras ordens ainda estão pendentes. Os demais nomes dos alvos não foram divulgados.
Por meio de assessoria de imprensa, o TRE afirmou que o caso está em segredo de Justiça e que, por isso, não se manifestará. Por meio de nota, a Polícia Federal informou apenas que cumpriu os mandados contra "candidatos eleitos e servidores municipais".
“As investigações continuam com a análise de materiais apreendidos e ações para identificar outros envolvidos”, afirmou a PF em nota. “As forças de segurança reforçam o compromisso com a justiça e a garantia de um processo eleitoral transparente e legítimo”.
Também contatados por O POVO, a Polícia Civil disse que somente a PF se pronunciaria sobre o caso e o Ministério Público Estadual (MPCE) não respondeu até o fechamento desta matéria.
O vereador Joel Barroso (PSB) assumirá interinamente o Executivo Municipal. Ele, que é filho de Braguinha, foi reeleito presidente da Câmara Municipal, também em sessão realizada nesta tarde. Joel, porém, teve a impugnação da chapa pedida pela oposição, já que seria vedado um terceiro mandato à frente da presidência da Casa.
Entenda o caso
Braguinha é acusado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de envolvimento com uma facção criminosa, que teria coagido eleitores, candidatos e funcionários da Justiça Eleitoral durante o pleito do ano passado.
Como O POVO mostrou na última sexta-feira, 27, a 54ª Promotoria Eleitoral havia solicitado, no último dia 18 de dezembro, a cassação da chapa vencedora das eleições em Santa Quitéria, assim como a inelegibilidade de Braguinha por oito anos.
Em Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), a promotora Priscila Rayana de Medeiros Souza descreveu diversas ações criminosas que teriam sido praticadas por integrantes da facção Comando Vermelho (CV), alegadamente, para garantir a vitória de Braguinha.
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Entre os episódios elencados, está a entrega, no Rio de Janeiro (RJ), de um carro modelo Mitsubishi Eclipse Cross por parte de servidores municipais ao traficante Anastácio Paiva Pereira, o “Doze” ou “Paulinho Maluco”, chefe do CV em diversos municípios da Região Norte no Estado.
Em nota enviada a O POVO no último sábado, 28, a defesa de Braguinha negou as acusações. Foi afirmado que o prefeito não tinha ciência do envio do carro a Doze e que os servidores envolvidos no caso foram exonerados.
"É importante ressaltar que desde a eleição de 2020, tais acusações são requentadas por adversários políticos sem que haja qualquer prova que as corrobore", consta também na nota. "Assim, considera a ação eleitoral precipitada, na medida em que se baseia em conjecturas e presunções pessoais despiciendas de suporte probatório".
Atualizado às 21h34min