Salitre é a cidade com a maior proporção de população quilombola do Ceará
Salitre, no Cariri, tem a maior proporção da população quilombola no Ceará: 10,85%. O índice da pesquisa é seguido pelas cidades de Tururu, com 9,23% da população, e Moraújo, com 8,98%.Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Salitre, na região do Cariri, tem a maior população quilombola do Ceará em proporção. O levantamento, feito a partir do Censo Demográfico de 2022, revelou que 10,85% da população salitrense se considera quilombola, totalizando 1.804 pessoas.
O índice da pesquisa é seguido pelas cidades de Tururu, com 9,23% da população quilombola, e Moraújo, com 8,98% da população remanescente de quilombos. Ao todo, segundo o Censo 2022, o Ceará tem 23.955 pessoas que se consideram quilombolas. Do total, 19.360 não vivem nos territórios oficiais.
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Apesar de apresentar a maior proporção da população no Ceará, entidades acreditam que o número de quilombolas em Salitre pode ser maior. Verônica Carvalho é uma das fundadora do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec). Para ela, o número apresentado pelo IBGE expõe a necessidade de mapeamento das comunidades quilombolas e a criação de políticas públicas destinadas à população.
“O resultado do Censo denuncia o quanto ainda precisamos trabalhar. Esse resultado da nossa região específica: Crato aparece com zero quilombos, Juazeiro também. Isso é um termômetro de como as organizações e o poder público precisam trabalhar, especialmente as pessoas que estão mais próximas das famílias: a assistência social, os Cras, os agentes comunitários de saúde. Para mim, existe uma intencionalidade de não visibilizar esse povo”, afirma.
Verônica pontua, ainda, que a região do Cariri possui mais comunidades quilombolas que não foram contabilizadas pelo Censo. “Nós andamos muito em Salitre e conhecemos muitas comunidades, e é porque procurávamos apenas as comunidades rurais, deve ter quilombos urbanos também. O povo lá não tem vergonha de dizer que é negro e que tem descendência quilombola”, diz.