Justiça nega habeas corpus de oficial da PM preso suspeito da chacina de Quiterianópolis

Documento obtido pelo O POVO mostra que o inquérito identificou que a munição usada pertencia a Academia Estadual de Segurança Pública e uma viatura foi utilizada no apoio à chacina

20:53 | Dez. 22, 2020

Por: Redação O POVO
Chacina de Quiterianópolis deixou cinco mortos em outubro de 2020 (foto: Via WhatsApp O POVO)

O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) negou o habeas corpus do oficial da Polícia Militar Charles Jones Lemos Junior, no último sábado, 19. O agente de segurança é acusado de envolvimento na chacina de Quiterianópolis, quando cinco pessoas foram mortas. O crime aconteceu em outubro deste ano. O tenente Jones e mais dois PMs foram presos suspeitos do caso. Os mortos foram identificados como Irineu Simão do Nascimento, 25 anos, José Reinaque Rodrigues de Andrade, 31, Etivaldo Silva Gomes, 23, Antônio Leonardo Oliveira Silva, 19 e Gionnar Coelho Loiola, 31

Houve a prisão temporária dos policiais Francisco Fabrício Paiva Lima, Dian Carlos Pontes Carvalho e Charles Jones Lemos Júnior, além de busca e apreensão nos endereços deles e dos batalhão onde são lotados. No dia 18 de outubro de 2020, a Polícia Judiciária tomou conhecimento de uma chacina na cidade de Quiterianópolis em que cinco homens foram mortos por quatro ou cinco indivíduos que estavam em um veículo.

Durante o levantamento foram identificados dois veículos suspeitos, um Fiat Mob de cor cinza e uma Trailblazer preta, sendo que o último estaria prestando apoio aos integrantes do primeiro automóvel. A Trailblazer de cor preta e placas PNM-9507 foi identificada como uma viatura da Polícia Militar, conforme o documento, o automóvel era do Comando Tático Rural (Cotar) e tinha como comandante o tenente Charles. Com ele estariam o cabo Francisco Fabrício Paiva Lima e Dian Carlos Pontes Carvalho, possivelmente motorista da viatura. 

Duas testemunhas ouvidas de forma separada afirmaram a descrição que o assassino que invadiu a casa foi até a cozinha, pegou um homem conhecido como Reinaque e o levou para o alpendre. Em seguida voltou e pegou a outra vítima Antônio Leonardo fazendo o mesmo com ele, em seguida iniciando os tiros. As testemunhas afirmaram que se tratava de um indivíduo de estatura mediana, braços fortes e um pouco barrigudo, que vestia blusa cor cinza com mangas compridas e pretas. E elas identificaram, por meio fotográfico, a foto número 2, que corresponde a Fabrício, como sendo o assassino por elas descrito.

A suspeita cairia sobre os três policiais, pois foi descoberto que as cápsulas apreendidas pertencem a Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (AESP) e que, por meio de um levantamento, verificou-se que Charles Jones Lemos Júnior é instrutor da AESP e que ministrou curso na instituição em 2019, o que sugeriria que ele teve acesso às munições de lote mencionado. Por meio de análise do Spia, a Trailblazer se deslocou para Fortaleza após o fato. Adotando postura incomum diante do fato, pois diversas viaturas foram levadas para o local do delito, inclusive aeronaves.

Há duas linhas de investigação. A primeira de um roubo contra o prefeito e candidato a reeleição de Crateús, em que Irineu e Reinaque estariam entre os suspeitos. E a segunda com a suposta tentativa de roubo a um comércio de Maurício, empresário de Quiterianópolis, praticada por Irineu e Renaique, do que surgiu a suspeita de que o empresário dono do comércio teria encomendado a morte dos dois. De acordo com o documento, a investigação apontou vinculo de amizade entre o empresário e os policiais do Cotar. Inclusive, que os agentes de segurança participavam de eventos na casa do empresário.

Diante dessa situação, o desembargador Francisco Darival Beserra Primo indeferiu o pedido de habeas corpus no último sábado, 19.

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