Projeto incentiva empreendedorismo de mulheres que atuam no lixão de Pacajus
Projeto "Menos Resíduo, Mais Renda" estimula a economia circular com reaproveitamento de retalhos de tecido gerados pela indústria têxtilMoradoras da cidade de Horizonte, em Pacajus, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), são incentivadas a empreender em suas próprias confecções por meio do "Tecendo o Amanhã", iniciativa que faz parte do projeto "Menos Resíduos, Mais Renda", promovido pelo Instituto Malwee. A instituição fornece máquinas de costura e retalhos e, em parceria com o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (Cieds), capacita mulheres que atuam como catadoras no lixão da cidade.
Vitória Régia Lima da Silva e Gleiciane Sousa Lima são duas das 20 mulheres que participam do projeto. No período das aulas, elas têm acesso a seis máquinas de costura e retalhos, bem como são direcionadas ao aprendizado de técnicas de costura, moda com o uso dos tecidos e a identificar oportunidades e práticas empreendedoras. Além disso, contam com transporte gratuito e recebem cestas básicas.
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Vitória e Gleiciane destacam a oportunidade que a capacitação proporciona para seu empoderamento individual e coletivo. "Eu me imagino com meu próprio negócio, pois, assim, posso desenvolver mais. Com meu projeto de costura eu posso empregar outras pessoas. Eu e minhas colegas [do projeto] estamos tecendo o futuro", diz Vitória Régia.
Já Gleiciane relata que sonhava com um curso de costura, mas não tinha condições de arcar com os custos. “Nunca tive oportunidade porque é caro. Eu quero produzir as minhas coisas, porque eu já trabalhei, mas sempre para os outros. Aqui, aprendi artesanato, que eu já tinha visto, mas não sabia como fazer. No curso vou aprendendo para colocar tudo em prática”, conta.
Para seleção, a Instituição responsável realizou um pré-cadastro, seguido de entrevista e resoluções de dúvidas. O número de mulheres interessadas em participar do projeto é significativo, mas existem critérios para a empresa escolher as finalistas.
Ser mulher;- Ser trabalhadora, cônjuge ou ter parentesco de primeiro ou segundo grau com trabalhadores;
- Atuar como catadora;
- Ser mãe ou responsável;
- Ter disponibilidade para os encontros presenciais.
Há prioridade também para até duas pessoas da mesma família.
Expansão
A qualificação acontece em duas turmas, cada uma com 20 mulheres. A primeira, que já está acontecendo e finaliza em abril de 2022, e a segunda que acontecerá de abril a setembro de 2022. A expectativa é expandir o projeto nos próximos anos, atendendo mais pessoas em outras regiões do País. As aulas ocorrem todas as terças e quintas-feiras, das 8h às 12h, no Centro Cultural Maloca dos Brilhante (Av. Lúcio José Menezes, 1107 - Horizonte).
Depois do encerramento da capacitação, as mulheres terão acesso a materiais residuais ao longo de seis meses, mentoria com voluntários do Grupo Malwee e formação continuada por meio do Ateliê Virtual Instituto Malwee, plataforma criada pelos voluntários do Grupo, com dicas e tutoriais para a confecção e comercialização de produtos, além de conteúdos sobre empreendedorismo.
Incentivo à economia
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 8,5 milhões de mulheres ficaram desempregadas no terceiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019. Observando esses números e os do resíduo de corte, que é o segundo maior em volume de resíduos gerados na indústria têxtil, a iniciativa busca uma conexão entre a destinação desses materiais e o incentivo a ações de economia circular e geração de renda para mulheres.
Além de Pacajus
Além das aulas, o programa "Menos Resíduo, Mais Renda" tem uma segunda frente, que é a distribuição de resíduos têxteis para organizações sociais por vários outros Estados. A proposta é fornecer material que possa ser usado para a elaboração de produtos artesanais e gerar renda para as instituições e para as mulheres e famílias atendidas. Assim como as participantes da qualificação, as entidades também terão acesso ao Ateliê Virtual Instituto Malwee, que expande as ideias para reaproveitamento das sobras de tecidos e insumos.
A empresa também investe em processos e matérias-primas de menor impacto ambiental. "Nossa missão é investir na transformação social por meio de atitudes que promovam a responsabilidade na relação com o meio ambiente e o cuidado com as pessoas", destaca o CEO do Grupo Malwee, Guilherme Weege.