Ibicuitinga também registra atendimento de funcionários de fábrica infectados; casos passam de 730

Água e alimentação da empresa foram colhidas e estão passando por análise, laudo deve sair nesta sexta-feira, 22

12:15 | Nov. 21, 2024

Por: Fabrícia Braga
730 funcionários foram infectados em uma fábrica de Morada Nova (foto: FÁBIO LIMA)

Um surto de infecção atingiu funcionários de uma fábrica de calçados em Morada Nova, distante 167,62 quilômetros de Fortaleza, pacientes apresentam sintomas como diarreia, vômito e febre. Há registros de trabalhadores da fábrica com sintomas semelhantes em Ibicuitinga, município vizinho.

A Vigilância em Saúde do Estado e a Secretaria Municipal de Saúde estão conduzindo uma investigação detalhada para apurar a suspeita de contaminação dos alimentos e da água utilizada na empresa. Os resultados das amostras coletadas devem ser divulgados em boletim nesta sexta-feira, 22.

Desde o dia 14 de novembro até esta quinta-feira, 21, foram registrados mais de 730 casos, de acordo com a secretaria da Saúde de Morada Nova. Os funcionários da fábrica de calçados Coopershoes buscaram atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no hospital municipal.

Muitos dos pacientes foram diagnosticados com infecções gastrointestinais, mas ainda não há uma conclusão sobre a causa do surto.

Funcionária que foi infectada reclama das condições sanitárias da empresa

Uma funcionária que preferiu não se identificar afirmou que começou sentir dores no estômago na quinta-feira à tarde, e à noite começou a vomitar.

“Na sexta-feira já acordei com diarreia e febre, comecei a tomar medicação em casa pra ver se melhorava, no domingo quando eu vi que não tava adiantando eu tive que procurar a UPA pois eu não melhorava”, disse a funcionária.

Ela afirmou ainda que a água da empresa nunca foi boa, e que antes de ficar doente, ela chegou para trabalhar e foi informada que estava faltando água na empresa, mas que quando a água voltou estava muito suja.

“A água chega era preta de tão suja. Infelizmente temos que beber dela, a empresa não aceita a entrada de água e até aceita se for na garrafa que a empresa dá (garrafa pet de 500ml), mas isso não dá para o dia. Acabamos tendo que beber a água da empresa, mas têm dias que não conseguimos beber água lá porque o gosto de cloro é muito forte”, destacou a colaboradora.

Sobre alimentação da empresa a funcionária afirma que "não é das melhores", e que tem dias que os colaboradores preferem não comer no local. “Apesar da comida não ser boa, acredito que a causa da infecção foi por conta da água suja que nos forneceram”, disse a funcionária.

A mulher lamenta o ocorrido e teme que nada seja resolvido, pois afirma que a empresa não teve nenhuma consideração pelos trabalhadores que ficaram doentes, e que os gastos com remédio para ter a saúde de volta custaram caro.

“Eles continuam ganhando dinheiro em cima do nosso suor, não pararam de funcionar em nenhum momento, mesmo quando viram que estávamos doentes”, reclama.