Quem é a confeiteira cearense que carrega bolo na cabeça enquanto anda de moto?

A mulher já transporta os pedidos na garupa da moto há mais de dez anos. Hoje, ela conta com o apoio da filha, Ana Clara, que, além de ajudar nas entregas pilotando a moto, também a ajuda na cozinha

11:30 | Fev. 01, 2023

Por: Gabriel Damasceno
Mulher viraliza nas redes sociais por carregar bolo na cabeça enquanto anda na garupa de moto (foto: Reprodução/Redes Sociais)

O vídeo de uma confeiteira que aparece equilibrando bolos na cabeça enquanto andava na garupa de uma motocicleta, no município de Mauriti, a 492,8 km de Fortaleza, viralizou nas redes sociais nessa terça-feira, 31. Só no instagram, a postagem já soma mais de 500 mil visualizações e 60 mil curtidas. Ela faz as entregas desse jeito há mais de dez anos.

Maria Gorete Nogueira, 39, queria participar de um encontro de confeitarias em Juazeiro do Norte, o Cariri Cakes, mas o preço do ingresso e da passagem eram muito altos. Foi aí que ela teve a ideia de gravar e postar o vídeo no grupo do evento. Tudo como uma brincadeira.

No fim, deu certo e os organizadores do encontro lhe deram um ingresso. “[O evento] foi muito produtivo. Uma coisa que eu sempre sonhava era fazer cursos, me aprimorar e melhorar. Porque o que a gente aprende, ninguém tira da gente”, diz a confeiteira.

Gorete começou a trabalhar com culinária há cerca de 18 anos, quando a filha mais velha nasceu. “Eu fui mãe solteira e eu me via com uma responsabilidade muito grande de dar conta de tudo”, explica a confeiteira que também é mãe de um garoto de 15 anos.

“Comecei fazendo uns pasteizinhos, umas coisinhas simples. Porque, até então, eu nunca tinha tido um fogão a gás, era tudo no fogãozinho a lenha, mas mesmo assim não me impediu”, complementa.

No início, Gorete vendia salgados na frente da escola onde a filha mais velha, Ana Clara, 18, estudava. Ela só começou a fazer bolos depois de alguns pedidos. A confeiteira, no entanto, não sabia como preparar a receita.

Um dia ela decidiu fazer um teste, preparou a receita, levou para a escola e foi um sucesso. Todos os bolos foram vendidos. Apesar disso, o forno que ela tinha só dava para fazer um bolo de cada vez. “Foi aí que eu coloquei a mão na massa, mexi um barro, fiz uns tijolos e construí um forno a lenha que tenho até hoje.”

Depois disso, os bolos se tornaram a principal fonte de renda dela. “A minha maior satisfação na vida é o meu trabalho porque eu faço isso em prol dos meus filhos. Fazer e entregar meus bolos para mim é tudo na vida.”

Hoje, os bolos para aniversário são os mais vendidos, e o preço do produto é baseado no quilo do trigo. Um bolo de um quilo é vendido por cerca de R$ 120 e um de meio quilo custa R$ 70, mas pode variar de acordo com o pedido do cliente.

Cearense carrega bolo na cabeça enquanto anda na garupa de moto

Gorete já transporta os pedidos na garupa da motocicleta há mais de dez anos. Hoje, ela conta com o apoio da filha, Ana Clara, que, além de ajudar nas entregas pilotando a moto, também a ajuda na cozinha.

“Sempre gostei de vender meu bolo assim na cabeça, porque eu não tenho transporte, só minha moto. Eu tinha uma bacia enorme de alumínio, fazia oito ou dez bolos, colocava dentro da bacia, botava em cima da cabeça e saía de porta em porta vendendo”, conta.

Há cinco anos, no entanto, ela sofreu um acidente enquanto fazia a entrega de um bolo. Gorete e a filha estavam na estrada quando colidiram com um carro que vinha na contramão. O bolo se perdeu, mas as duas ficaram bem, apenas sofreram arranhões.

Para o futuro, o principal sonho é justamente um transporte adequado para fazer as entregas. “Para que a gente possa entregar os bolos com mais qualidade, com mais higiene”, frisa.

O artigo 244 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determina como infração gravíssima a condução de motos, motonetas ou mesmo ciclomotores sem uso do capacete.